Dois jesuítas portugueses ordenados diáconos em Roma

Celebração decorreu na Igreja do Gesù. Na inspiradora homilia, o cardeal D. Tolentino Mendonça recordou que “um cristão é sempre um embrião”.

Em plena alegria da Ressurreição, na tarde desta terça-feira de Páscoa (6 de abril), Carlos Miranda e Samuel Afonso, inseridos no grupo dos 13 escolásticos jesuítas de 10 países diferentes, foram ordenados diáconos na igreja mãe da Companhia de Jesus – a igreja do Gesù, em Roma.

A presença portuguesa foi um elemento notório de toda a celebração que, a acrescentar aos dois portugueses ordenados e alguns familiares e companheiros jesuítas portugueses, contou com a feliz presença do padre provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, P. Miguel Almeida, sj e com o cardeal português D. José Tolentino Mendonça, que presidiu à celebração.

Na inspiradora homilia D. Tolentino Mendonça recordou que “um cristão é sempre um embrião”. Que, como cristãos “somos sempre incompletos e em caminho, a nossa vida é uma sucessão de nascimentos e ainda quem já percorreu uma longa estrada no seguimento de Jesus é chamado, diante do evento da sua Páscoa, a sentir-se convocado a um novo início – como se tudo em nós fosse destinado a recomeçar, a reinventar-se na Luz do Ressuscitado, a imaginar e reconfigurar o mundo partindo da experiência pascal”.

Movido pelo Evangelho do túmulo vazio, o cardeal português convidou ainda cada um dos 13 a configurar-se com Cristo: “Cristo chama cada um de vocês, pronuncia o vosso nome. São assim chamados a voltar a vossa vida para Ele, com confiança e decisão, com radicalidade evangélica e criatividade cultural, configurando-a à imagem de Cristo servo e tomando-O como mestre. Cada dia, até ao fim”. E acrescentou: “Não devemos ter medo. Aquilo que nos afasta de Deus não é a fragilidade, mas a auto-suficiência; não é a fraqueza, é a autorreferencialidade e o delírio do poder. Aquilo que nos afasta de Deus é o sentir-se donos, esquecendo o essencial – que não há alegria maior do que servir como Jesus nos ensinou.”

E ao terminar pediu: “Seja Cristo Aquele do qual a vossa vida fala em abundância. Seja Cristo Aquele que os vossos gestos iluminam, que as vossas palavras soam, Aquele que o vosso estilo de vida revela com simplicidade, autenticidade e beleza.”

E desta forma, fortalecidos pela audácia de S. Inácio de Loiola, suportados pelo amor maternal de Nossa Senhora da Estrada e desafiados pelo servo de Deus P. Pedro Arrupe, sj, 13 novos diáconos da Companhia receberam esta terça-feira a graça do primeiro grau do sacramento da Ordem.

Samuel Afonso nasceu em Castelo Branco em 1986 onde viveu até 2008, altura em que concluiu a licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias. Em 2010, depois de dois anos a trabalhar como enfermeiro em Lisboa, entrou na Companhia de Jesus. Terminados os dois anos de noviciado em Cernache, Coimbra, seguiu-se, até 2015, a licenciatura em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do polo de Braga da Universidade Católica Portuguesa. Trabalhou três anos na pastoral do Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, e atualmente frequenta o 1.º ciclo de Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

Carlos Miranda nasceu em Marco de Canaveses em 1986, estudou Astronomia no Porto e entrou na Companhia de Jesus em 2010, onde fez o noviciado em Cernache, Coimbra, e os estudos de Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, em Braga. Em 2015 voltou a Cernache para a terceira fase de formação – o Magistério –, onde trabalhou como professor e colaborador da pastoral do então CAIC (Colégio da Imaculada Conceição). Atualmente frequenta o 1º ciclo de Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.