Em fevereiro, o P. Geral dos jesuítas divulgou as Preferências Apostólicas Universais (PAU) da Companhia de Jesus que servirão de horizonte à missão em todo o mundo nos próximos dez anos. Na terça-feira, os superiores das comunidades jesuítas portuguesas e os diretores das diferentes instituições da Companhia de Jesus em Portugal, reuniram-se em Cernache para aprofundar o conhecimento sobres estas orientações. Recorde-se que são quatro as PAU apresentadas em fevereiro: mostrar o caminho para Deus através dos Exercícios Espirituais e dos discernimento; Caminhar juntamente com os excluídos; Acompanhar os jovens na criação de um futuro de esperança; Cuidar da casa comum.
No começo do dia, o P. José Frazão Correia, sj, provincial dos jesuítas, expressou o desejo de que o encontro constituísse “um momento oportuno para a apropriação pessoal, comunitária e a nível das obras das preferências apostólicas universais”. Sublinhou ainda tratar-se de uma oportunidade para “tomar consciência daquilo que nos é pedido.”
Ao lançar a reflexão sobre o tema o P. Hermínio Rico começou por sublinhar o enorme investimento feito pela Companhia de Jesus no processo que conduziu à eleição das quatro PAU e no modo como estas foram divulgadas. Alertou depois para o perigo de se tornarem “numa graça desperdiçada”. O jesuíta português enfatizou o facto das PAU terem resultado de um amadurecido processo de eleição mandatado pela Congregação Geral 36. Na sequência desse mandato, originou-se um processo de discernimento que envolveu jesuítas e leigos espalhados por todo o mundo. Os resultados do discernimento foram posteriormente enviados ao P. Geral que, juntamente com o seu conselho alargado, definiu as PAU que foram confirmadas pelo Papa Francisco que as devolveu à Companhia de Jesus como missão dada pela Igreja. “Este é um modo pelo qual Deus nos fala e depois de um processo tão completo não podíamos pedir mais clareza”, destacou Hermínio Rico.
Estas preferências têm mais a ver com o ser do que com o agir, envolvem a vida inteira.
Ao longo da sua exposição, o jesuíta explicou que o facto de se ter optado pela expressão preferências em detrimento de prioridades, se explica pelo facto das PAU se assumirem mais como orientações dinamizadoras de energias vitais e apostólicas que devem servir de foco ao modo como a Companhia é chamada a colaborar com a missão de Jesus do que como indicações do que devemos fazer. “Estas preferências têm mais a ver com o ser do que com o agir, envolvem a vida inteira”, clarificou o sacerdote jesuíta.
Depois da exposição, cada um dos presentes foi convidado a um tempo pessoal de oração com vista à apropriação pessoal das PAU. Seguiu-se um tempo de trabalho em pequenos grupos, baseado na metodologia da conversação espiritual. Esta metodologia inspira-se no modo com os primeiros companheiros jesuítas tomaram as decisões que levaram à fundação da Companhia de Jesus. Do trabalho de grupos resultou um tempo de partilha em que se recolheu o fruto do trabalho de grupos como forma de encontrar pistas para o modo como a vivência das PAU pode ser aprofundada ao longos dos próximos anos. A manhã terminou com a celebração da eucaristia em que esteve presente a comunidade do Noviciado dos Jesuítas.
A tarde deste encontro ficou marcada por uma conversa mais informal sobre os desafios que as PAU trazem à missão confiada aos jesuítas em Portugal e às suas diferentes comunidades e instituições. No encerramento do dia, o P. Provincial fez questão de estabelecer uma ponte entre as PAU e o presente Plano Apostólico da Província Portuguesa. Nessa altura, recordou a necessidade de aceitar o tempo que vivemos como um “tempo favorável” e a urgência de “uma vida espiritual rica e fecunda” como alicerce da unidade do corpo apostólica e geradora de um mesmo modo de proceder.