Celebra-se agora o centésimo aniversário do nascimento do padre Manuel Antunes, um jesuíta invulgar que, apesar de discreto e com voz e estatura frágeis, marcou o século XX lisboeta. Como? Fundamentalmente, dando aulas na Faculdade de Letras de Lisboa e escrevendo; escrevendo muito – sobretudo na revista Brotéria. Com uma erudição invulgar, Manuel Antunes impressionava os seus alunos (Marcelo Rebelo de Sousa, Manuel Clemente, Lídia Jorge, e tantos outros) pelo modo como lia a história da cultura, tanto a clássica como a contemporânea, unindo rigor e exigência com frescura e elegância de pensamento. Assim se compreende que o autor da famosa sebenta de «Teoria da Cultura» tenha igualmente escrito «Repensar Portugal», um autêntico exercício de cidadania intelectual. Os 14 volumes que compõem a sua obra completa, publicados pela Fundação Gulbenkian, bastam como testemunho da abrangência, envergadura e importância do seu contributo.
Tendo embora marcado várias gerações de alunos e leitores entre as décadas de 1940 e 1980, acompanhando o percurso cultural e político do país, e escrevendo sobre temáticas tão vastas (crítica literária, filosofia, teologia, cultura clássica, ética, pedagogia e política), Manuel Antunes é hoje uma figura mais ou menos desconhecida do grande público.
Para celebrar e divulgar a vida e obra deste jesuíta, a Brotéria organizará um ciclo de conversas em quatro cidades (Braga, Porto, Coimbra e Évora), em cada uma delas explorando uma dimensão particular do pensamento de Manuel Antunes. Contudo, mais do que falar sobre Manuel Antunes (quem foi, o que disse, o que fez), estas conversas pretendem sublinhar a actualidade das suas preocupações. Será que Manuel Antunes nos pode ajudar a (re)pensar o presente e o futuro?
Num ambiente tranquilo, conversando com personalidades de cada cidade, e com intervalos musicais, procuraremos olhar o mundo da literatura, da pedagogia, das humanidades e da política na companhia desse mestre discreto mas profundo, cuja obra continua a dar que pensar.