A propósito de um videoclip
Não defendemos a causa da vida, fazendo videoclips e anúncios com enfermeiras agressivas e zangadas, com as mãos manchadas de sangue e caixotes do lixo para onde atiram sacos de plásticos, com restos de bebés.
Não defendemos a causa da vida, fazendo videoclips e anúncios com enfermeiras agressivas e zangadas, com as mãos manchadas de sangue e caixotes do lixo para onde atiram sacos de plásticos, com restos de bebés.
Esta manhã, no bairro da Serafina, ultrapassou tudo o que vivi naquela semana inesquecível, onde os acontecimentos se sucederam, numa beleza e magnitude que todos reconhecem. E percebi, de modo palpável, o que significa amar sem medida.
Enquanto cidadã, tenho obrigação de estar atenta, de não fazer juízos precipitados nem de calar jogos políticos que vejo ocorrer à vista de todos, como se não tivéssemos memória nem soubéssemos entender os resultados que se querem alcançar.
Mas quando os dias são escuros, quantos de nós não olhamos para o céu, recordados da última Primavera, quando os dias não se entendem, quantos de nós não procuramos o sepulcro vazio da manhã de Páscoa?!
Teria vislumbrado Maria, naquela terra distante, pobre, quase esquecida, do outro lado do grande oceano que nos separa? Com o seu bebé nos braços, atenta a quem a acompanhava, caminhava como quem sabe o seu destino.
A humanidade tem uma capacidade extraordinária de se reconstruir e reencontrar. Para quem tem fé, é tempo de pedir a Deus que nos ajude a viver inquietos na busca da verdade, dispostos a construir a paz e a sentir como nossa a dor do outro.
Se as férias permitem viajar, voltamos mais ricos, inteiros. Mais capazes de entender a diversidade do mundo, tolerantes perante as diferenças, desejosos de cultivar o bom e o belo. Com outra consciência do drama da guerra que destrói tudo.
Há imoralidades que não configuram «abusos» no campo da sexualidade e do poder, mas que precisam igualmente de ser levadas a sério porque a moral cristã nos pede para irmos mais longe.
O Amor consegue ultrapassar o limite do tempo, a banalidade dos dias que não param. E acontece, e permanece. O Amor não acaba com a morte. O Amor conhece a terra e o céu.
Será no serviço aos outros, na comunhão verdadeira e no «Vede como eles se amam» – o repto, demasiadas vezes negado e ignorado entre nós – que seremos fermento na massa, sal na terra.