A conversa começa com a partilha das preocupações do convidado de hoje no que se refere ao nosso planeta. Filipe Duarte Santos começa por mencionar a influência da ação humana no sistema do planeta Terra, o que acontece à escala local, regional e global que se traduz na degradação do ambiente, na perda da biodiversidade à escala global e nas alterações climáticas motivadas pela intensificação do efeito de estufa que se deve à ação humana.
Para o nosso convidado a interferência da ação humana nas alterações climáticas è cientificamente irrefutável. No, entanto admite que as mudanças estritamente individuais, sendo muito importantes, não bastam para inverter o ciclo destas alterações. O geofísico da Universidade de Lisboa sublinha que a a dependência dos combustíveis fósseis, como fonte primária de energia, a nível global supera os 80% e que essa dependência é incomportável para o planeta. Sem deixar de reconhecer os benefícios e desenvolvimentos que o uso dessas fontes de energia trouxeram à vida social e económica, Filipe Duarte Santos destaca a necessidade de que haja tecnologia que crie condições para a transição energética, vontade a nível mundial que esta transição se efetive, ajudar os países economicamente mais débeis que dependem muitos dos combustíveis fósseis e aqueles que são mais vulneráveis às alterações climáticas.
O convidado deste episódio lamenta que apenas na CoP26 tenha sido possível chegar a um consenso quanto à necessidade de deixar de produzir cravão. E mesmo assim o que foi acordado foi que se diminuísse essa produção e não que ela terminasse. Isto denota o caminho que ainda há a percorrer. Relativamente à CoP26 são ainda apontados outros avanços: combate à desflorestação, controle das emissões de metano, o anúncio por parte de muitos países de que atingirão a neutralidade carbónica.
No que respeita a perspetivas futuras, admite-se que algumas descobertas científicas e a melhoria da eficiência energética possam trazer benefícios no que se refere à descarbonização. Entre os avanços científicos referidos, destaca-se a possibilidade de criar centrais de fusão nuclear.
Filipe Duarte Santos sublinha o facto da presente década ser crítica no que se refere às alterações climáticas, salientando a redução de emissões devidas aos combustíveis fosseis deveria ser semelhante à que aconteceu no ano de 2020 devido ao confinamento o que implicaria um maior recurso às energias renováveis e uma maior eficiência energética. Sem entrar em catastrofismos, o nosso convidado diz que não havendo mudanças substanciais não será impossível evitar a subida da temperatura em 1,5 a 2 graus celsius e a qualidade de vida do planeta será afetada, sobretudo nas zonas de maior vulnerabilidade.
Quase no final da conversa é possível ouvir a forma positiva como Filipe Duarte dos Santos recebeu a encíclica Laudato Si. Aproveitando ainda o processo sinodal que vivemos, o nosso convidado sublinha que gostaria que a Igreja pudesse ser ainda mais moldada pela linha do Papa Francisco e se pudesse abrir mais à participação das mulheres, sublinhando que a Igualde de Género é um dos objetivos apontados para o desenvolvimento sustentável.
Fotografia de: The New York Public Library – Unsplash