Conversa franca: O sangue, a terra e a morte na portugalidade

A última Conversa Franca é com o cardeal patriarca de Lisboa. Amante da História, D. Manuel Clemente fala sobre raízes terrenas e desenraizamento, patriotismo, e da humanidade que está intimamente ligada ao sangue, à terra e à morte.

Doutorado em Teologia Histórica, D. Manuel Clemente marca a Igreja portuguesa mas também a cultura do nosso país, que conhece bem dos livros, da vida, e, também obviamente, da sua circunstância eclesial.

Nesta última conversa franca, o cardeal patriarca de Lisboa fala-nos deste triângulo do sangue, da terra e da morte na Portugalidade, que tanto marca a vida dos portugueses e dos seus agregados, e que faz com que, mesmo os que há muito se desligaram da sua terra de origem, a ela se refiram como “a terra”, onde estão os laços de família e a lembrança dos defuntos. D. Manuel Clemente recorda ainda que também o momento da morte de Jesus é marcado pela presença dos seus familiares, a mãe, uma tia, e também Maria, mulher de Cléofas, que seria sua parente. Também Jesus está presente em vários momentos de proximidade com a morte, como na morte de Lázaro, lembrando que estes elementos básicos da conexão humana, da terra de cada um, da gente de onde provém, dos falecidos que estavam ligados e que, de alguma maneira, se perpetuam na memória de cada um, é muito fundamental. “Quando esquecemos estas três vinculações estamos, afinal, a esquecer da humanidade”, afirma D. Manuel.

D. Manuel sublinha ainda a ligação muito forte ao laço da terra, que nesse caso também é do sangue e dos seus mortos, dos falecidos ali sepultados, considerando que, mesmo num tempo de mobilidade, esta continua a ser muito vinculativa.