28/02/2021
Domingo de Ramos

7ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

 

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Hoje a Igreja Católica celebra o Domingo de Ramos, que é uma abertura Solene da Semana Santa. Os momentos importantes merecem aberturas solenes. Tal como numa longa sinfonia, a abertura concentra todos os andamentos da peça num só momento, e serve ao ouvinte de convite e preparação para o que vai viver — assim, este Domingo é um convite solene a entrarmos nos andamentos da Páscoa. Hoje é um dia de fronteira, porque saímos da Quaresma para entrarmos na Semana Santa.

A Quaresma dirige-nos das Cinzas até aos Ramos. A nossa vida é feita de ramos e de cinzas. Da penitência e humilhação, até à exaltação e à glória. Não podemos excluir uma das partes. Uma vida só “de ramos” seria excessiva, porque ainda não vivemos no céu. E uma vida só “de cinzas” seria defeituosa, porque depois da morte há a ressurreição. O percurso da Quaresma ajuda-nos a sermos realistas, para chegarmos inteiros à Páscoa. Uma festa cheia de símbolos fortes. A Palmeira, símbolo da entrega vitoriosa, do testemunho ou do martírio; a oliveira, que simboliza a perseverança - a resistência para seguir Jesus, num clima de paz, concórdia e alegria entre todos; Hossana é a expressão da adesão plena e entusiasta a Jesus. A multidão adere a um rei que entra em Jerusalém montado num burro, em missão de paz. Esta palavra vem do hebraico, é uma saudação que significa “salva-nos”, e era usada já pelos judeus, na festa dos tabernáculos.

A liturgia da Palavra deste domingo acena já a toda a trama do mistério pascal, de paixão, morte e ressurreição. A pergunta que faz S. Marcos ao longo de todo a seu Evangelho é “Quem é este Jesus que fala como nenhum outro homem falou? E que cumpre gestos miraculosos que surpreendem e desconcertam tanto?”. Curiosamente, a resposta é dada por um Centurião romano, num momento crucial da morte de Jesus. Vendo-o morrer daquela maneira, sem usar poderes sobrenaturais, e diante do seu fracasso aparente, exclama: “Este era verdadeiramente o Filho de Deus”. O Centurião recebeu a graça da fé, uma fé pura no amor. Um homem politeísta, romano, apenas por ter assistido ao modo como Jesus morreu, passou a acreditar no Pai. Tal como ele, também o bom ladrão foi salvo pelo modo como Jesus se entregou à Cruz.

Milhares de pessoas foram crucificadas pelos romanos na história, mas só Um fez da Cruz um símbolo. Nenhuma morte foi capaz de mudar tantas vidas como a morte de Jesus.

Por isso, hoje, é dia de afinar o olhar. Podemos começar por buscar o olhar do sensato centurião ou do atento ladrão para encontrarmos o nosso Deus diante da Cruz, na Sua Cruz, como nas nossas: “Este que se abaixou totalmente é o Filho de Deus! Eu creio Jesus, que és Tu!” Procuremos colher o grande amor que levou Aquele Homem a abaixar-se assim tanto e a deixar-se crucificar por nós. Hoje é dia de aderir a Jesus com a força de um Hossana. Na nossa rotina podemos afrouxar, duvidar ou até fugir de Deus. Mas há momentos em que precisamos de gritar Hossana, de dizer: “salva-me, eu sei que Tu podes, Senhor!”. Contra tudo o que nos cansa, nos desanima ou nos tira a esperança, podemos reagir com um Hossana!

Pede ao Senhor que reavive a tua fé e diz Hossana com toda a força do teu coração: “Sim, Jesus, Tu és o Filho de Deus que morreste de Amor por mim. Quero viver contigo e como Tu!”.

Texto escrito por: Vasco Teixeira, sj & Inês Mateus
Vídeo realizado por: Inês Mateus
Música: Audivi vocem de caelo, John Taverner