Chegou ao fim a fase diocesana do Processo de Canonização do P. Francisco Rodrigues da Cruz, mais conhecido por Padre Cruz. O processo segue agora para a Congregação para a Causa dos Santos, na Santa Sé, onde será analisado, com vista à beatificação e posterior canonização do sacerdote jesuíta.
A Sessão de Clausura do Processo Diocesano Supletivo para a Causa de Canonização do Servo de Deus Francisco Rodrigues da Cruz, sj decorrerá no dia 17 de dezembro, às 15h00, na igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (haverá transmissão online no Ponto SJ e no site do Patriarcado de Lisboa). Além da clausura dos documentos, esta celebração, aberta aos fiéis, incluirá um momento de oração, um apontamento musical e contará com intervenções dos responsáveis da Companhia de Jesus e do Patriarcado.
Para o cardeal-patriarca de Lisboa, o exemplo do Padre Cruz vai ao encontro do que tem sido a nova evangelização proposta pelo Papa Francisco: “pôr os pobres no centro”. Por isso, D. Manuel Clemente acredita que, “se o Papa Francisco tiver acesso direto a estas informações que agora lhe são oferecidas no processo diocesano sobre a vida do Padre Cruz, se reconhecerá muito nele. Não só por ter sido jesuíta no final da vida, mas também pela grande coincidência entre a maneira de viver e propor o Evangelho entre o Padre Cruz e o Papa Francisco”.
“Se o Papa Francisco tiver acesso direto a estas informações que agora lhe são oferecidas no processo diocesano sobre a vida do Padre Cruz, se reconhecerá muito nele. Não só por ter sido jesuíta no final da vida, mas também pela grande coincidência entre a maneira de viver e propor o Evangelho entre o Padre Cruz e o Papa Francisco” – cardeal Patriarca de Lisboa.
Para a Companhia de Jesus este é um momento de enorme alegria e júbilo. O P. Dário Pedroso, sj, vice-postulador da Causa de Canonização, sublinha a relevância da devoção que ainda existe ao Padre Cruz, um pouco por todo o mundo, e que se expressa na quantidade de cartas e graças que continuam a chegar de pessoas que dizem ter recebido a sua intercessão. “É muito impressionante ver que chegam cartas do Brasil, do Canadá, de todo o lado. Ainda há poucos dias chegou uma das Filipinas a pedir uma relíquia do Padre Cruz porque um missionário local falou sobre ele”.
A decisão do encerramento do processo pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa foi tomada após ouvir o Tribunal constituído para a causa e o Vice-Postulador. O processo de canonização do Padre Cruz teve início a 10 de março de 1951 e a fase diocesana decorreu até 18 setembro de 1965 – data em que foi entregue na Sagrada Congregação para a Causa dos Santos Cópia Pública dos três processos (Virtudes, non culto e Escritos). Sendo necessário completar aquele processo com os elementos requeridos pelas novas normas para a instrução dos processos de canonização, incluindo uma Comissão de Peritos em História, a 12 de setembro de 2009, o então Cardeal-Patriarca D. José Policarpo nomeou um novo Tribunal e Comissão Histórica para darem seguimento ao requerido.
Entre março e maio de 2011 foram ouvidos os testemunhos sobre as virtudes heroicas do Servo de Deus e, depois de exaustivo trabalho, a Comissão Histórica – esta já nomeada a 11 dezembro de 2018 pelo Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente – entregou, no dia 1 de outubro de 2019, os documentos e a sua análise crítica.
Com o encerramento da fase diocesano, todo o processo será agora analisado pela Santa Sé, através da Congregação para a Causa dos Santos.
“É muito impressionante ver que chegam cartas do Brasil, do Canadá, de todo o lado. Ainda há poucos dias chegou uma das Filipinas a pedir uma relíquia do Padre Cruz porque um missionário local falou sobre ele”.
Sobre o Padre Cruz
Francisco Rodrigues da Cruz nasceu em Alcochete a 29 de julho de 1859. Batizado com caráter de urgência, à nascença, tal era a sua debilidade física, foi portador de uma saúde débil ao longo de toda a vida, mas acabou por viver 89 anos, vindo a falecer, em Lisboa, a 1 de outubro de 1948.
Em 1875, foi estudar Teologia em Coimbra e dois anos mais tarde começou a lecionar Filosofia no Seminário de Santarém.
A 3 de junho de 1882 foi ordenado sacerdote, e a 25 de junho celebrou a primeira missa. Em 1886, deixou o ensino e dedicou a sua vida apostólica como diretor do Colégio dos Órfãos de São Caetano, em Braga, casa que acolhia 150 crianças e jovens com muitas fragilidades sociais.
Dez anos mais tarde, torna-se diretor espiritual do Seminário de São Vicente de Fora, em Lisboa, cidade onde acabou por viver até ao final dos seus dias. Ao longo de décadas, o Padre Cruz percorreu o país, indo ao encontro de todos os que buscavam a sua ajuda. Confessava, orientava espiritualmente, celebrava os sacramentos e visitava os mais pobres e frágeis. Entre os prediletos na sua ação pastoral estavam os presos e os doentes, que procurava encontrar em todos os locais onde ia. Em Lisboa, ficaram célebres as visitas regulares que fazia ao Limoeiro (cadeia masculina) e às Mónicas (cadeia feminina), onde animava os reclusos e atendia às necessidades das suas famílias.
Homem de profunda oração e piedade, rezava com muito fervor e sempre que podia. Desejou ser jesuíta durante toda a sua vida, mas acabou por entrar na Companhia de Jesus só no dia 3 de dezembro de 1940.