O Ponto SJ foi apresentado ontem em Roma, no 11º Seminário Profissional para Comunicadores da Igreja, organizado pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, entre o dia 17 e 19. Dedicado ao tema “Diálogo, Respeito e Liberdade de expressão”, este encontro reuniu mais de três centenas de profissionais da comunicação de todo o mundo e incidiu sobre um tema que está no centro da atuação do portal dos jesuítas, lançado há dois meses.
A apresentação desta plataforma de comunicação ficou a cabo do P. António Valério sj, cujo título foi “Ponto SJ – um clima temperado no espaço público português. O novo portal dos jesuítas em Portugal”. Sublinhando que o ponto de partida do Ponto SJ foi abrir um espaço onde fosse possível aproximar pessoas, gerar diálogos e criar pontes – num tempo em que o debate público está dividido, centrado na polémica, e entrincheirado em posições extremadas -, o sacerdote jesuíta explicou que este posicionamento tem como inspiração uma frase do P. Manuel Antunes sj (cujo centenário se assinala este ano), que já no seu tempo falava na necessidade de criar um “clima temperado”.
António Valério apresentou ainda as várias secções do Portal e o seu modo de funcionamento, dando também a conhecer a forma como se desenrolou mediaticamente o lançamento desta ferramenta, através de encontros improváveis entre pessoas de áreas e sensibilidades distintas.
Protagonistas de programa de rádio inter-religioso saúdam o Papa
Neste encontro internacional, que se realiza de dois em dois anos, estiveram também cerca de duas dezenas de portugueses que trabalham ou colaboram nas dioceses e gabinetes de comunicação de instituições religiosas. Além de outros projetos que foram apresentados por profissionais da comunicação da Igreja em Portugal, a presença portuguesa ficou também marcada pela apresentação no programa da rádio Antena 1 denominado “E Deus criou o mundo”. Este programa consiste num diálogo semanal entre um católico (Pedro Gil), Isaac Assor (judeu) e Khalid Jamal (muçulmano), moderado por Henrique Mota, e é um exemplo de como se podem construir pontes e “combater a ignorância” que existe na sociedade sobre o papel das religiões, – como sublinharam os vários intervenientes – sem entrar numa lógica ou tentativa de “converter” o outro lado. Uma das explicações para o sucesso do programa, acrescentaram os seus protagonistas, está no profundo respeito e amizade que se criou entre os membros de cada religião. Este programa foi criado e é produzido por Carlos Quevedo e é ouvido semanalmente por cerca de 20 mil pessoas.
Os protagonistas deste diálogo inter-religioso, bem como os organizadores do programa, tiveram ainda oportunidade de cumprimentar e conversar um pouco com o Papa Francisco no final da audiência geral de quarta-feira que decorreu na Praça de São Pedro, no Vaticano, oferecendo-lhe ainda um livro que resume três anos de encontros semanais. Aos cinco, Francisco agradeceu a iniciativa e o seu contributo para a paz.
Ao longo dos três dias de encontro internacional dedicado à comunicação, vários intervenientes sublinharam a necessidade de criar espaços de encontro e diálogo numa era digital marcada pela polarização e pelas “fake news” e num contexto cultural marcado por uma profunda crise de fé. A credibilidade de quem comunica (neste caso os organismos da Igreja), a criação de uma nova linguagem, o reequadramento dos temas/assuntos, e a necessidade de partir para a conversa e o diálogo a partir de um campo comum (como valores em que as partes antagónicas possam estar de acordo, como a promoção da paz) foram alguns princípios enunciados, tanto por professores e investigadores da área da comunicação, como por profissionais que trabalham no terreno.