Esta foi para mim uma atividade nova nos gambozinos. Talvez sejam todas (às vezes gosto de dizer aquela frase bonita “todos os campos e atividades são diferentes, é sempre novo”, que até é verdade), mas esta foi para mim mesmo diferente: um grupo de cinco animadores a viver na Caparica durante sete dias, com um objetivo muito simples: estar no bairro do Pragal, com os gambozinos que lá vivem.
Fomos bater às portas, conversar ao vivo com eles e com as suas famílias. Convidámos estes gambozinos para estarem e brincarem connosco. E fomos surpreendidos pelo entusiamos com que nos receberam.
Fiquei fascinada com a simplicidade dos dias, de coisas como encontrar alguns gambozinos na rua com amigos e dizer “Vamos fazer um jogo louco com tintas e armaduras de papel, querem vir?” e receber um “Ya!” de olhos bem abertos e virem todos.
Ou de ir bater a uma porta e acabar por ficar uma hora à conversa com a querida avó Fátima.
Tudo me soube a Gambozinos, àquela alegria que todos conhecemos ou vamos conhecendo, nos campos ou fora deles: um jeito que os dias têm de esticar para que caibam mais horas (ainda que o recolher obrigatório seja às 13h), as conversas boas, o dançar, o jogar à bola ou ao esconde-esconde ao contrário, os momentos para estar com Jesus.
Mas, ao mesmo tempo, estes dias trouxeram consigo uma certa sensação de novidade; ou antes, a sensação de ver em cada miúdo, em cada animador, em cada jogo ou conversa, algo de novo. Talvez a alegria de ver mesmo cada um como amigo (para além de ser um gambozino de quem sou animadora). Um amigo com quem quero estar, porque sim. Gostei especialmente de poder dizer “até amanhã” sem ser num campo, saber que ia lá estar outra vez e deixar conversas por acabar.
A verdade é que esta semana foi para mim uma lufada de ar fresco, no meio de tempos já desgastados de distância. Que bom foi poder estar. Com os gambozinos no bairro, com as nossas amigas Leigas (para o Desenvolvimento) no réveillon, com os animadores à lareira, com Jesus onde Ele se quis fazer presente. Nesta passagem para o novo ano, descobri que apesar de todas as dificuldades e imprevistos que este tempo traz, há sempre coisas novas para agradecer.
Cheguei ao fim destes dias mesmo agradecida e descansada. Por tudo o que vivemos.
Pela novidade. Pela rotina. Pela simples beleza do estar.
Descansa-me ver que o Núcleo Sul está bem vivo e tem animadores com vontade de crescer e fazer crescer esta missão. Descansa-me sobretudo não estar descansada com o que fizemos, porque sete dias é pouco, e porque há muito mais a fazer (e a agradecer) no bairro, no núcleo, nas nossas casas, no nosso coração.
Descansa-me e motiva-me perceber que a Missão é a mesma, mas vai sempre tomando novas formas, pedindo-nos para ser criativos.
Queridos amigos, não deixem que me esqueça disto: a missão (re)começa agora, e é o Senhor quem faz novas todas as coisas.
Gracinha Viana Baptista