O sentinela permanece vigilante no cimo das ameias do castelo, atento ao horizonte, para quando vir o inimigo aproximar-se, alertar as tropas para defenderem o seu castelo; o guarda-noturno faz rondas durante a noite vigiando o local que está à sua responsabilidade e, quando vê chegar o ladrão, avisa as autoridades; o segurança vigia a loja, atento a quem vem para roubar e quando vê alguém a sair sem pagar, alerta a polícia.
Jesus convida-nos a vigiar o nosso coração, o nosso interior. Há muitas tentações na nossa vida que nos querem “assaltar”, roubando-nos a paz, a alegria, a serenidade. Frequentemente, isso acontece sem nos darmos conta. A tentação de nos desviarmos do caminho de Deus e do amor vem ter connosco de muitas formas: conforto, prazer, comodismo, egoísmo… Somos tentados e atraídos para o que nos apetece, o que brilha, o que sabe bem. Num primeiro momento, até parece atrativo e interessante. Santo Inácio fala na “tentação com aparência de bem”. Mas depois, quando já nos desviámos, ficamos tristes e desanimados.
A oração é o melhor vigilante, guarda-noturno e segurança do nosso coração! Mantém-nos ligados a Deus e ao Evangelho, mantém-nos alerta para tudo aquilo que vem disfarçado de bem, mas, na realidade, nos vai fazer mal. Jesus convida-nos a orar sempre, todos os dias, para protegermos o castelo do nosso interior e estarmos sempre atentos às escolhas diárias que fazemos. O Exame de consciência, no final do dia, é uma ótima forma de vigilância. Conserva-nos firmes nos critérios de Deus, alinhados com a moral cristã, na felicidade maior que Jesus nos propõe: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. Só uma vida por amor é garantia da paz profunda do coração. E essa paz tem de ser protegida e defendida diariamente.
Lourenço Eiró, sj