Quer se tenha feito campos todos os anos, apenas um dia de Natal, que se tenha conhecido os gambozinos apenas como animador ou que já se seja sócio desde que se nasceu, os gambozinos marcam todos aqueles que por aqui passam.
Fazer gambozinos é uma experiência transformadora e impossível de passar indiferente. Aliás, não dizemos que “fazemos gambozinos”, mas sim que “somos gambozinos”, porque, não só os gambozinos nos tocam, como também deixamos um pouco de nós: com os nossos talentos, boa vontade e até ideias. Torna-se algo personalizado, vivo e movido por nós, em que tentamos ser testemunhos de Deus. Que nunca nos esqueçamos disto: somos TESTEMUNHO e os gambozinos são apenas um instrumento para o sermos. Que tudo o que fazemos em nome dos gambozinos tenha este objetivo, seja quando se pensa num jogo, na noite de fados ou numa visita ao bairro. Antes de representar os gambozinos, e vestir a camisola, estou a representar o Senhor. Por isso é que os gambozinos fazem parte de cada um de nós, uma vez que, entregando o nosso trabalho a Deus, tudo o que vem é bom e, consequentemente, o tempo nos gambozinos foi, é e será bom para cada um.
Os gambozinos dão-nos ferramentas, não só para sermos bons animadores, mas para sermos bons cidadãos e, acima de tudo, bons cristãos. Até nas coisas mais pequenas os gambozinos trazem algo de relevante que levamos para o dia a dia, desde as formações SPC, que nos ensinam a cuidar das nossas palavras e do impacto que podemos ter na vida de alguém, a atividades que, mesmo com o seu muito planeamento, não têm tanta adesão e que nos obrigam a trabalhar a paciência, em momentos em que esta pode ser bastante escassa. Há muitos outros exemplos, mas o importante a salientar é que, por mais pequena que seja a nossa contribuição como animador, retiramos sempre algo de útil para a vida comum.
É necessário que “ser gambozino” seja uma responsabilidade que encaramos com alegria; que, através dos nossos atos, quem nos rodeia perceba que fazemos parte desta família e, mais importante, que o Verdadeiro Gambozino vive em nós e quer transbordar para fora. Ser gambozino é, também, sair da nossa zona de conforto, não ter medo de arriscar e confiar nos convites que nos são feitos ao longo do tempo, rezando-os sempre e tentando perceber a vontade de Deus.
Ser gambozino é ser alegre e reconhecer-me amado por Deus. Ser gambozino é amar e não deixar ninguém de parte. Ser gambozino é gritar o “dizem que somos locos de la cabeça” num comboio apinhado de gente nas JMJ. Ser gambozino é viver na simplicidade. Ser gambozino é respeitar a natureza. Ser gambozino é rezar a minha vida com Deus.
Ser gambozino é tudo isto e mais alguma coisa. Não é necessária uma lista detalhada na qual vou fazendo “checks”, para identificar se o sou ou não. Apenas sei que tu, se já estiveste em contacto com os gambozinos, deixaste um pouco de ti durante a tua caminhada.
Beatriz Melro