Olá, eu sou o António e foi me pedido que escrevesse um texto com o tema: Ser Gambozino no dia a dia. Pedido esse que não foi nada fácil de aceitar, tendo dado por mim a pensar: “Há com certeza alguém que saberá explicar isto muito melhor do que eu”, “Eu nem sequer estou assim há tanto tempo nos Gambozinos”, “E se ninguém se identificar com o que eu escrever”. Parei, respirei e aceitei este pedido que me foi feito. E nesse momento do meu dia, senti-me um pouco mais gambozino.

Queria começar por lamentar, desde já, não se tratar de um tutorial passo a passo, que todos ansiávamos e precisávamos, de como: Ser um Gambozino no dia a dia. Aquilo que estão prestes a ler não é mais do que a minha ideia acerca da maneira de ser e estar enquanto Gambozino e de que forma e em que alturas a podemos incorporar no nosso quotidiano.

Ora, a maneira mais fácil de ser Gambozino no dia a dia, passa muito por descomplicar as nossas vidas (dentro do possível) e voltar à simplicidade. A simplicidade com que Jesus viveu, a simplicidade em que os santos, que nos inspiram, viveram e a simplicidade que buscamos viver nos campos e atividades. No fundo tentar estar na nossa vida como estamos, ou pelo menos como deveríamos estar num campo, não no sentido de acordar a nossa família e vizinhos com o “Acorda o Sol”, ou de comer massa pizza dia sim dia não, mas no sentido em que procuramos viver os quatro pilares que guiam esta associação, pois é a simplicidade destes elementos que constrói a beleza e a força dos Gambozinos. Estive agora no Minicampo do Sul (foi muito bom) e reparei em vários aspetos e comportamentos que eu e outros animadores adotámos, durante esses cinco dias, que seriam com certeza uma mais-valia para o meu, e quem sabe também para o teu, dia a dia. Como por exemplo: ter o olhar afinado para perceber o que querem e necessitam aqueles que me rodeiam, ter sempre presente o contacto com a natureza, estar disponível para aquilo a que sou chamado, em momentos de maior cansaço ou inquietação saber “animar-me”, compreender os meus limites e deixar-me ser ajudado. Tudo isto são comportamentos e maneiras de pensar e agir que, com mais ou menos esforço, conseguimos incorporar e adaptar para a nossa vida. Talvez à primeira vista possa parecer pouco, mas a verdade é que a diferença reside nos detalhes.

Um dos momentos do Raio que guardo na memória, foi quando à pergunta: “Achas que podes mudar o mundo?” A resposta foi: Sim. Um sim geral (pelo menos aqueles que estavam no meu campo de visão periférico, deram um passo à frente). E aproveitando este ímpeto e vontade que todos temos de viver e de fazer algo maior do que nós mesmos, a proposta que deixo vai mesmo nesse sentido: Tentar incorporar ao máximo aqueles pequenos comportamentos e atitudes que temos nos campos e nas atividades na nossa vida, em qualquer que seja o percurso pelo qual seguimos ou fase que nos encontremos, sem nunca perder esta nossa vontade, tão boa, de mudar o mundo (para melhor, espero eu).

António Lima