Que bom que seria um campo onde os animadores não estão sempre a correr de um lado para o outro, nem preocupados com planos de campo preenchidos que não deixam espaço para respirar. Que bom que seria um campo onde não estivéssemos sempre cansados e houvesse tempo e espaço para cada coisa, onde pudéssemos estar atentos às coisas simples e deixarmo-nos alegrar verdadeiramente com elas!

Há uns anos contaram-me como eram os primeiros campos de férias da Companhia: 5 ou 6 animadores iam com algumas crianças para um terreno com muito pouca coisa planeada. Naqueles dias conversava-se, aprendia-se a tocar viola, rezava-se, cozinhava-se, tomava-se banho no rio… Ali, tinham o tempo e a calma necessários para criar relações verdadeiras e fundadas na rocha.

Tenho-me deixado tocar por este tema da simplicidade e de como é importante voltar um bocadinho às origens.

Os Campos de Gambozinos são uma incrível graça na vida de tanta gente e fazem maravilhas muito grandes, mas acabamos sempre por cair na mesma lógica apressada do dia a dia e isto impede-nos de estarmos inteiros e de conseguir saborear os pequeninos milagres que vão acontecendo.

A estrutura de uma associação é fundamental para que possa crescer e gerar cada vez mais frutos. Mas nunca podemos cair na tentação de ficarmos demasiado presos aos horários, aos planos, ao dinheiro, às logísticas, aos jogos complicados. São tudo coisas importantes, mas quando descentradas do Essencial, acabam por ser impedimento à Ação de Deus.

Estes 10 dias devem ser, em primeiro lugar, espaço de relações. De construir amizades. De aprender a viver na simplicidade. Meio onde percebo como é possível necessitar de pouco e viver muito e onde experiencio a felicidade que vem desta certeza.

Tudo pode mudar, mas o Centro dos Gambozinos nunca pode deixar de ser as relações!

Lanço este desafio para cada um, em especial agora que começamos a sonhar os campos do Verão. Qual a prioridade do plano de campo do campo que vou animar? Ajudar crianças a passar tempo e dar-lhes entretenimento momentâneo? Ou criar relações verdadeiras, com os outros e com Jesus, que os ajudam a serem felizes?

Que nos campos de 2023 não caímos na tentação de viver em contrarrelógio e nos deixemos maravilhar por todos os lugares e momentos onde Jesus se vai revelando!

 

Teresinha Castel-Branco