Quando entrei para as explicações no Pragal não sabia muito bem o que esperar. Entrei por convite de uma amiga que ia começar a ir com o Colégio São João de Brito e, como era relacionado como Gambozinos e tinha acabado de entrar para a associação, acabei por aceitar.
O primeiro contacto foi o mais difícil. Fiquei encarregue de dar explicações a duas raparigas do 7º ano com um feitio difícil e muito pouca vontade de trabalhar, contudo no fim do ano conseguiram subir as notas. Ainda hoje fico surpreendido por isto ter sido possível uma vez que, num ano inteiro de explicações, se estudamos duas horas já foi muito. Em vez de estudar ficávamos à conversa e, à medida que as semanas iam passando, uma relação de amizade ia crescendo e ia-se criando espaço para conversas mais sérias e desabafos sobre os seus problemas. Lembro-me de uma vez uma delas me ter dito que não queria ter boas notas porque, se tivesse, gozavam com ela. Se calhar mais do que estudar estas raparigas precisavam de alguém com quem conversar e lhes dar motivação. Acho que isto é o essencial das explicações, criar uma relação com estes gambozinos e dar-lhes a perceber que vale a pena estudar, tirar boas notas e, principalmente, que há alternativas ao tipo devida que os rodeia.
Ainda que por vezes possa ser difícil e cansativo ir todas as semanas ao Pragal, não há nada como a alegria e acolhimento com que somos recebidos!
Afonso Santos