Queria uma palavra-chave para este artigo, sabem? Aquela palavra que às vezes começa um texto de forma tão “eloquente”, sem precisar de mais do que um ponto final à frente:
“Amor. O amor é mais do que aquilo que…” ou “Verdade. Vive na verdade quem…”, bom perceberam… e não encontro a que quero, estou tão pouco criativa que até já ponderei que a palavra fosse Minicampo, e teria começado o texto tipo: “Minicampo. Aquele tempo em que…” Podia arriscar passar os próximos minutos no Chat gpt à procura, mas vou assumir seguir, sem palavra inicial, sem ideia e sem guião.
Vou assumir isto porque, para mim, o minicampo é isso mesmo – não há bem ideia ou guião. O que faz do minicampo um tempo tão especial é isso. Ainda ontem estavas num sítio completamente diferente, a viver só mais uma sexta-feira daquelas que estão no calendário com mil tarefas, trabalhos e cenas que quero deixar para amanhã e, de repente, há uma que não posso deixar para sábado: Pôr a pasta de dentes dentro da mochila que vou levar! Assim se parte para o minicampo, vindo de um dia na rotina tão atarefada que não me deu tempo e espaço para imaginar nem criar uma história com “comos” e “quandos”, não deu tempo para me seguir pelo guião e saber em que ato estou nem o que vem a seguir! Tudo é surpresa, tudo ali é tão diferente do dia a dia, tudo ali me surpreende.
“Surpresa. Não a que vem no Kinder, a de quem vê algo pela primeira…” Nope, também não é surpresa a palavra-chave que quero usar! Mas sair da rotina para viver aqueles dias, é viver uma verdadeira surpresa, é reaprender falas, receber novas indicações e redirecionar figurantes. Han? No minicampo nem há figurantes, não há como! No meio de toda a surpresa, o mais surpreendente é o outro, aquele que está ao teu lado na roda, aquele que ficou com o pé atado a ti no jogo das estafetas, aquele que te dá a mão no Boa noite, e aquele que vive contigo tudo isto e muito mais. Não pode de forma nenhuma ser figurante no “teu” minicampo, e não existe sequer um único figurante. Estamos todos juntos a viver tudo juntos.
E este foi não só o teu, mas o nosso minicampo. 4 dias na semana antes da Páscoa, em que vivemos quase como num campo de férias, todos juntos, Gambozinos, a reparar em quem está ao nosso lado, a viver a surpresa de encontrarmos quem temos à nossa volta e a deixar o papel por onde nos guiávamos em casa e deixar que outro gambozino escreva uma linha ou outra. “Agradecer.” (Só não podia ter começado com esta porque vocês ainda não sabiam o que eu vinha agradecer).
Inês Botelho