Hey, estás aí?

Tenho a sensação de que atualmente buzzwords como sustentabilidade ou crise climática são códigos para se fugir a sete pés. Sim, o alarmismo e o moralismo cansam, mas há muitas outras maneiras de encararmos estes assuntos sem cairmos nesses tons “menos apetecíveis”. Aliás, enquanto gambozinos e cristãos é-nos tantas vezes pedido para refletir sobre o mundo que nos rodeia e em como somos chamados a viver à semelhança de Cristo. Não é preciso muito para reconhecermos que esse mesmo mundo em constante mudança tem impactos cada vez mais palpáveis nas nossas vidas. Seja a chuva que não vem, as inundações e os fogos um pouco por toda a Europa, a poluição que já não se deixa esconder debaixo do tapete. Se antes podíamos virar a cara, cada vez mais tudo isto nos assalta as casas e a vista, pressionando-nos para que não continuemos a ignorar esta ameaça à nossa Casa Comum. Seria redutor se, reconhecendo o problema, nos conformássemos com a ideia de que este apenas diz respeito aos cientistas que o estudam e às grandes empresas a quem deve ser exigido corrigir o mal feito. Para além de nos colocar no papel de espectador, lavando-nos as mãos da nossa quota parte de responsabilidade, esta perspetiva distancia-nos de um olhar compassivo para com as comunidades mais afetadas e vulneráveis, estas que são maioritariamente as mais pobres. Então, como pode um gambozino viver melhor esta realidade? Primeiramente, mantendo-se informado, procurando compreender e acompanhar as tendências atuais e futuras, informação não falta. Em segundo lugar, explorando pequenas e possíveis alterações aos seus hábitos. Mas fazê-lo de forma gradual e orgânica, sem se reter em perfecionismos que acabam por boicotar o progresso. Por último, e talvez mais importante, participando no diálogo e estando disposto a pôr os seus dons a render, ainda que à primeira vista pareçam nada ter a ver com o assunto em questão. Para dar resposta à exigência dos desafios que enfrentamos todos somos chamados a ser agentes de mudança, começando por dentro e expandindo para os nossos círculos de influência.

Afinal, também nesta perspetiva podemos ver novas todas as coisas em Cristo.

Madalena Ravara