De certeza que quem está a ler este texto já ouviu a palavra vocação e, se for alguém que já fez campos de férias, certamente que já teve um momento de campo em que o tema eram as vocações e “qual será a minha vocação?”. Não quero então alongar-me sobre o que se entende por vocação – para isso há quem saiba muito mais do que eu – e por isso deixo a interpretação do que é uma vocação para quem perceber verdadeiramente disso. Contudo, tenho de escrever este texto que toca no tema da vocação e, por isso, dos vários significados que se podem fazer desta palavra. Aquele que quero realçar é a vocação como um chamamento, no fundo uma vocação é algo a que nos sentimos chamados.
E então e os Gambozinos? Ao contrário do tema da vocação, sobre os Gambozinos (e peço desculpa se isto parece arrogante), já me sinto com mais capacidade para falar. Ao longo dos meus anos como animador, fui ouvindo uma série de formas de definir os Gambozinos. Somos uma associação que tem estatutos e tudo, somos um voluntariado, somos campos de férias, somos um sítio onde as pessoas se sentem em casa. Ora, todas estas coisas têm uma certa verdade e certamente que haverá muitas outras formas de descrever os Gambozinos, mas para mim – e depois de muitos anos a viver isto – os Gambozinos são uma missão. Esta missão pode ser vivida de várias formas e intensidades, tem é de ser vivida de coração cheio e com uma vontade enorme de servir.
Chegando a esta parte do texto, depois de olharmos um pouco para o que é uma vocação e para o que são os Gambozinos, temos de nos perguntar: “existe uma relação entre os dois?” Aqui vou direto ao ponto, existe sim! A missão dos Gambozinos é uma missão pela qual somos chamados e que, por isso, deve ser visto como uma vocação. Isto a mim sempre me ajudou pois ser animador dos Gambozinos não é fácil e é nos momentos de dúvida que nos devemos lembrar que podíamos estar noutro voluntariado, podíamos estar noutro movimento de campos férias, mas não estamos. Escolhemos estar nos Gambozinos e escolhemos isto porque nos sentimos chamados a servir nesta missão e porque olhamos para isto como uma vocação, tendo de ter coragem de assumir que é isto que Ele quer para nós.
Acredito verdadeiramente nisto, que os Gambozinos são uma vocação e quero servir esta missão durante toda a minha vida – com intensidades diferentes, claro – mas sei que continuo a ser chamado e que quero continuar a dizer que sim. Em tudo o que fazemos somos chamados, quer seja a estar na direção nacional ou a arrumar a sede, a ser diretor de um campo, ou a animar um dia de Natal. Não interessa o número de horas ou dias que estamos aqui, interessa que queremos estar porque sabemos que este sonho é maior do que nós.
Eu já sou animador de Gambozinos há quase sete anos e, mesmo que veja isto como uma vocação, admito que às vezes ainda questiono esta missão e se estamos a fazer alguma diferença. No entanto, é exatamente nestes momentos que nos devemos lembrar que o sonho dos Gambozinos não é para nós, não somos nós que vamos colher os frutos, nem somos nós que fazemos a verdadeira diferença. Os Gambozinos existem para Jesus e é por Ele que aceitamos este chamamento. E, enquanto damos o melhor de nós mas não vemos os frutos, só nos resta esperar e sonhar com o momento em que o sonho dos Gambozinos se realiza. E que bom que isto é.
Gonçalo Marques de Almeida