Sempre que falo a alguém sobre os Gambozinos recebo a típica resposta: ”Então tu ainda andas à caça de gambozinos?”. E não é isto que nós somos? Gambozinos à caça de mais Gambozinos?
Caçar Gambozinos até parece fácil num acampamento onde temos camisolas a condizer e zero preocupações a chegar-nos do mundo exterior. Mas quando se trata dum dia de aulas cansativo, de um dia em que estou chateado, ou de uma semana de férias em que só quero estar em casa sem fazer nada, esqueço-me desta pequena tarefa que todos os Gambozinos têm: caçar outros Gambozinos. A pior parte disto: não basta andar por aí “à pesca” de Gambozinos, pois, afinal de contas, todos somos Gambozinos. Caçar um Gambozino é conhecer alguém, mostrar-lhe a alegria de ser Gambozino, partilhar com essa pessoa a grandeza do amor d’O Gambozino e procurar nesse alguém esse amor tão grande e contagiante. Só de pensar nisto, não chegam os dedos das mãos (nem dos pés!) para contar os Gambozinos que se têm cruzado (e continuam a cruzar) por mim ao longo da minha vida, pela sua alegria, a sua vivência, bondade, simpatia, compaixão, tantas qualidades que atribuiria a um Gambozino.
Tenho-me estado a esforçar para caçar Gambozinos, mas, honestamente, têm sido mais os Gambozinos que me “caçam a mim”. Continuo a procurá-los na minha vida, “caçar” e “ser caçado”, “amar” e “ser amado”, tanto os que são Gambozinos e o são mesmo, como os que o são sem o serem. Afinal de contas, é isto que é ser Gambozino.
Zé Luciano