Sábado Santo – Do vazio ao encontro

A morte de Jesus também é lugar de revelação: resume o impacto da morte na vida dos que perdem alguém; resume a dificuldade que temos em conviver com o vazio. No dia de hoje esperamos o encontro, assumindo o vazio.

A morte de Jesus também é lugar de revelação: resume o impacto da morte na vida dos que perdem alguém; resume a dificuldade que temos em conviver com o vazio. No dia de hoje esperamos o encontro, assumindo o vazio.

Retiro dia 7

1. Um pedido 

Pedimos a graça de nos prepararmos para acolher a paradoxal alegria cristã da ressurreição do Senhor Jesus: expectante e autêntica; serena e intensa, mais forte que todas as preocupações mais sérias do momento que vivemos.

2. Um texto:

Do Evangelho de São Mateus (Mt 28, 1-10)

Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro. Nisto, houve um grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela. O seu aspecto era como o de um relâmpago; e a sua túnica, branca como a neve. Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos. Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo.
Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia e ide depressa dizer aos seus discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.’ Eis o que tinha para vos dizer.»
Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos. Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.»

 

É um vazio cheio de uma fé incipiente, ainda expectante, um tempo em suspenso.

 

3. Um parágrafo 

Sábado Santo tem dois momentos. Há o sábado do silêncio, do vazio aberto pela morte do Senhor, da sua ausência. Podemos vivê-lo junto de Maria, a mãe, e dos discípulos, os amigos. É um vazio cheio de uma fé incipiente, ainda expectante, um tempo em suspenso. Depois há o sábado da estrela da tarde, da vigília da Páscoa. “Ao romper do primeiro dia”- diz o texto. É a primeira manhã, a manhã inaugural do dia sem ocaso da ressurreição do Senhor, cujo espanto e alegria enchem de frescura a vida cristã. “Cheias de temor e grande alegria [Maria de Magdala e a outra Maria] correram a dar a notícia aos discípulos”. É esta palavra e emoção que enche o frágil cântaro que foi à fonte, o vaso de barro nas mãos das mulheres, cheio da notícia surpreendente: Jesus, morto e ressuscitado vive connosco, Ele saiu ao nosso encontro.

4. Uma pergunta

Crio em mim um vazio expectante? Disponho-me a receber o dom da vida nova em Jesus Cristo e a comunicar a correspondente alegria, mais forte do que a morte?

 

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Desenho de P. Nuno Branco, sj

5. Um símbolo

Vaso

Imagina-te um vaso, não um vaso qualquer mas o vaso que és. Somos vasos. De argila ou porcelana, vidrados ou esmaltados, de todas as cores, o vaso é sempre terra, mas terra radicalmente aberta ao céu. Frágil na figura, forte na expressão, o vaso é o esvaziamento de si para acolhimento do dom. É a alma em silêncio que enche os pulmões de Deus. Acolhe, expande-se, celebra esse encontro. Maria é certamente o vaso mais formoso, nele se deu a maternidade e agora, em sábado santo, de novo o vazio é já participação na plenitude anunciada.

 

6. Uma Imagem 

James Turrel, Agua de Luz, Yucatán, México

 

7. Um Gesto 

Participo o melhor possível nas celebrações da Vigília Pascal,  ao fim do dia acendo em minha casa uma pequena vela, de luz pascal.

 

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* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.