Dois artigos que se relacionam de maneira diferente com o conflito na Ucrânia. Um artigo de Eduardo Madureira Lopes que oferece uma análise do que significa em termos de informação esta guerra online em que se torna cada vez mais difícil de resistir à tentação da indiferença. Um ensaio de Kathy Rousselet que nos ajuda a compreender o envolvimento do cristianismo ortodoxo eslavo neste conflito com as suas igrejas e com as tensões entre elas. Uma recensão de Carlos Capucho sobre “Drive my car”, do realizador japonês Ryûsuke Hamaguchi, em que é intuída a valorização da palavra e a relação com obras literárias que este filme mostra. Um ensaio visual de Ana Paganini que convoca um diálogo entre justiça poética e justiça possível. Uma edição para ler e olhar.
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Também o editorial da edição mais recente da Brotéria merece certamente a nossa atenção. Uma reflexão em que o P. José Frazão Correia questiona os momentos em que a razão e a religião não são fieis à sua verdade mais íntima.
Quando se perde a razão e se corrompe a religião
A violência agarra-se-nos à carne como uma segunda pele. Atesta-o à saciedade a história da humanidade. Com demasiada frequência, assume a forma da guerra. A razão e a religião, se fossem fiéis à sua verdade mais íntima, seriam dispositivos à altura de inibir as disposições humanas à violência e de interromper o seu decurso. Porém, são facilmente usadas para a justificar e a promover. Até aos nossos dias, a história da guerra cruza-se demasiadas vezes com a experiência religiosa, deixando a religião em dificuldade diante de quem a acusa de ser, à partida, causa e fator potenciador de violência. A razão, por seu lado, que tende a apresentar-se livre de crenças e de paixões e, por isso, capaz de ver clara e distintamente, suporta demasiadas vezes ideologias que defendem a arbitrariedade de uma suposta verdade que não tem de dar razões de si, nem tem de persuadir da sua justiça – acaba, ela mesma, por legitimar a violência mais irracional, gratuita e bruta. Quando se reduz ao registo técnico-científico da mera aplicação instrumental, eticamente neutra, a razão faz-se agente potenciador da eficácia devastadora da violência. Artigo completo aqui.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
Sugestão Cultural Brotéria
Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.
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