Na Cruz Jesus abraça a humanidade

Acompanhar Jesus ao longo desta Sua Via-Sacra, o fazer memória dos Seus passos, é um tempo favorável à reconstrução das nossas vidas.

Acompanhar Jesus ao longo desta Sua Via-Sacra, o fazer memória dos Seus passos, é um tempo favorável à reconstrução das nossas vidas.

Acompanhar Jesus ao longo desta Sua Via-Sacra, fazer memória dos Seus passos, é um tempo favorável à reconstrução das nossas vidas.

A Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus são o acontecimento mais importante da Igreja e da vida cristã. Jesus, ao longo da Sua vida, caminha para aqui e convida-nos a caminhar com Ele. Os passos que revivemos e meditamos na Via-Sacra não são mero folclore, não são cosmética, são os passos percorrido por Nosso Senhor Jesus Cristo, e de como Ele entregou a sua vida por nós.

Jesus entregou a Sua vida porque nos amou e nos ama infinitamente! E entregou a sua vida porque quis. É ele mesmo que diz: “ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente” (Jo 10,18). Então o amor de Jesus exprime-se nesta livre entrega.

A Sua vida é um caminho de plena liberdade. Jesus é consciente do Seu sofrimento, mas nada O demove da verdade, do amor, e da fidelidade à vontade do Pai. Em plena agonia diz: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice de sofrimento! Porém que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres” (Mt 26,39).

Jesus diz: “Seja feito o que tu queres”. É esta a Sua direção, a do cumprimento pleno da vontade do Pai. E é aí que encontra repouso e sentido para o sofrimento absurdo que sofreu.

Acompanhar Jesus ao longo desta Sua Via-Sacra, o fazer memória dos Seus passos, é um tempo favorável à reconstrução das nossas vidas. Ao contemplarmos este nosso Deus que não se faz valer da sua condição divina, mas que se humilha e assume a condição de servo, tornando-se semelhante aos homens e que, humilhando-se obedece até à morte e morte na cruz” (Fl 2,8), deve inspirar-nos e pacificar-nos diante de tantos medos, dores e dúvidas. Olhemos bem para o Seu rosto e calemos o nosso pensamento.

Dele escutamos: “olha para mim, aprende de mim que sou manso e humilde. O meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,30). Esta é uma oportunidade de, em cada ano, nos metermos a caminho com Jesus e de O acompanharmos na sua dor, no escarnio, na incompreensão e na solidão. É um tempo favorável de nos metermos a caminho, acompanhando Jesus, com as nossas dores, os nossos sofrimentos, as nossas solidões. E é também um tempo favorável para chorarmos pelas dores do mundo, e por tanto sofrimento que grassa no nosso planeta.

A multidão grita: crucifica-o! E nós gritamos, tantas vezes, junto com a multidão. Em Jesus faz-se silêncio, Ele não busca justificações nem desculpas. Jesus cala fundo, contempla o absurdo e transforma-o em entrega de amor. “Perdoai-lhes Pai, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34), são as palavras do nosso Deus.

Como nos enganamos tantas vezes e como produzimos tantas falsas imagens de Deus. E fazemo-lo quando não deixamos que a Paixão tenha o seu lugar na nossa vida. O nosso Deus sofreu! E o nosso Deus não prometeu que não sofreríamos.

Gosto de pensar na presença silenciosa de Maria, Sua mãe, em todo este caminho e no seu encontro com o Filho. Dos seus olhares, que se cruzam, brota a máxima beleza do amor. Mãe e Filho unidos no sofrimento pela humanidade. Mãe e Filho unidos no cumprimento da vontade do Pai.

Toda a existência de Maria foi animada de uma vontade de colaborar na salvação da humanidade: a Virgem desejou com todas as forças a libertação dos homens e a edificação de um mundo melhor. Maria sabia que o seu filho teria de passar por isto.

Maria que guardava e meditava as coisas no seu coração sabia que o seu Filho teria que ir até ao fim neste caminho de amor. Maria percebia agora um caminho do qual também ela tinha sido peregrina. E silencia na paz do Filho. Não encontramos e vemos uma mãe desesperada, mas uma mãe esperançosa, ainda que triste e com dor.

Maria é-nos entregue como modelo e Mãe da Igreja. Jesus diz: “Mulher, eis o teu filho! E depois diz ao apostolo… Eis a tua mãe!” (Jo 19,26-27). Vivamos na esperança e na alegria de que a dor, o sofrimento não tenham a última palavra. O nosso Deus é um Deus de vivos e não de mortos. Sejamos humildemente alegres.

“O gesto da cruz, o gesto dos braços estendidos, é um gesto de abraço. Na cruz Jesus abraça o mundo inteiro. Abraça as nossas contradições. O gesto do abraço não é só um gesto de amor, mas também um gesto de beleza.”

Alegremo-nos com tamanha Beleza!

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.