Missão de compaixão: um chamamento à solidariedade e amor - Ponto SJ

Missão de compaixão: um chamamento à solidariedade e amor

Somos chamados, como cristãos, a ser instrumentos de consolação e esperança; a estar disponíveis para uma missão de compaixão pelo mundo através da relação pessoal com Jesus.

Somos chamados, como cristãos, a ser instrumentos de consolação e esperança; a estar disponíveis para uma missão de compaixão pelo mundo através da relação pessoal com Jesus.

Nos Exercícios Espirituais, Santo Inácio oferece à nossa contemplação a imagem de Deus que olha para o mundo e decide encarnar, a fim de salvar a humanidade. «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). A decisão de Deus, que tem origem no seu profundo amor pela humanidade, espera a nossa decisão pessoal.

Neste sentido, como nos afirmava o Papa Francisco: “Do coração da Trindade, da intimidade mais profunda do mistério de Deus, brota e corre sem parar o grande rio da misericórdia. Esta fonte nunca se poderá esgotar, sejam quantos forem os que dela se aproximem. De cada vez que alguém tiver necessidade poderá vir a ela, porque a misericórdia de Deus não tem fim.” (Misericordiae vultus, 25).

As palavras «compaixão» e «misericórdia», que se encontram na Bíblia, refletem um termo grego que significa sentirmos o sofrimento dos outros e sermos impelidos interiormente, por amor, a agir em seu favor. É um movimento que vem de dentro, das “entranhas”, do “seio materno”», do “coração”. É o que contemplamos na vida de Jesus. Jesus tem esta capacidade incrível de se comover profundamente pelos outros e aquilo que Ele sente interiormente torna-se decisão e leva-o à ação.

Jesus tem esta capacidade incrível de se comover profundamente pelos outros e aquilo que Ele sente interiormente torna-se decisão e leva-o à ação.

Na Rede Mundial de Oração do Papa (RMOP), somos convidados à missão de compaixão pelo mundo, orando e mobilizando-nos pelos desafios enfrentados pela humanidade e pela missão da Igreja. Isto requer que permitamos tornar-nos vulneráveis, deixar-nos comover profundamente por aquilo que vivem os nossos irmãos e irmãs em todo o mundo. Significa deixarmos cair os nossos “escudos” e derrubar as nossas “paredes”, para sair da indiferença e entrar numa “cultura do encontro”. Estando completamente unidos ao Coração de Jesus poderemos, com Ele, abrir-nos cheios de confiança. Por termos feito a experiência de ser amados e perdoados e por termos experimentado a profunda misericórdia do Senhor para connosco é que podemos, por nossa vez, converter-nos em missionários da misericórdia e da compaixão, sendo testemunhas da alegria do Evangelho.

Num mundo marcado pelo sofrimento, pela injustiça e pela divisão, a compaixão inspirada pelo Coração de Jesus é crucial para curar feridas e construir pontes. Por isso, para um cristão, a compaixão não é apenas um sentimento; é uma ação concreta, que busca aliviar o sofrimento e promover a dignidade humana. É a resposta evangélica aos desafios do mundo.

O Papa Francisco convidava-nos a fazer acompanhar a nossa compaixão de gestos concretos que abordem as raízes da pobreza, da desigualdade e da exclusão, contribuindo, assim, para a construção de um mundo mais justo, mais pacífico e solidário.

Somos chamados, como cristãos, a ser instrumentos de consolação e esperança; a estar disponíveis para uma missão de compaixão pelo mundo através da relação pessoal com Jesus, exprimindo o Seu desejo de fomentar um amor e uma solidariedade mais profundos, tendo em vista uma sociedade mais justa e fraterna.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.