Jesus é o bom pastor, nós as ovelhas do seu rebanho

Ouvir a voz não é algo passivo, temos de escutar ativamente a voz do Senhor. Esta escuta implica que ouvimos a voz e agimos de acordo com o que a voz nos está a dizer.

Ouvir a voz não é algo passivo, temos de escutar ativamente a voz do Senhor. Esta escuta implica que ouvimos a voz e agimos de acordo com o que a voz nos está a dizer.

As mensagens de Jesus no evangelho são levadas a cabo utilizando os símbolos da sua cultura. Como judeu, do Antigo Oriente Próximo, a sua experiência de vida foi a de pastorear animais especificamente ovelhas e cabras, passou pela agricultura e pela carpintaria. Estas eram as profissões do seu tempo. Nos seus muitos ensinamentos e querendo que pudessem levar uma determinada mensagem para casa, Ele usava exemplos muito próximos da realidade das pessoas a quem pregava. Jesus no Evangelho de hoje fala da relação entre o “pastor e o rebanho”, sendo Jesus o pastor e as pessoas o rebanho. Naquele contexto, o rebanho (as ovelhas) conhecia o cheiro e a voz do seu pastor. Havia uma estreita relação pessoal entre os dois. Quando o rebanho percebia o cheiro e ouvia a voz do seu pastor, seguia-o. As ovelhas sabiam que o seu dono as conduziria a bons pastos, lhe daria segurança e proteção. A relação entre o pastor e o rebanho era de dois sentidos, o pastor também conhecia as ovelhas. Este é o ponto de referência da mensagem de Jesus, de que Ele nos conhece e nós, como seus seguidores, também O conhecemos.

O nosso conhecimento de Jesus Cristo ajuda-nos a aproximar-nos d’Ele sem medo ou dúvidas. Mas, a relação não é simplesmente uma relação baseada no conhecimento, exite nela um elemento salvífico. O nosso conhecimento de Jesus Cristo oferece-nos a boa notícia e a vida eterna. Este conhecimento de Cristos ajuda-nos a crescer espiritualmente. O nosso crescimento espiritual é determinado pelo nosso conhecimento de Cristo. Este conhecimento de Cristo é algo que é pessoal e é através deste conhecimento que se cria uma relação mais profunda e íntima com Ele. É este encontro pessoal com Cristo, o bom pastor, que nos conduz à transformação, ao crescimento e à mudança espiritual e humana. Assim, a nossa vida cristã não estagna, tornando-se um processo contínuo no sentido de sermos melhores cristãos e seres humanos.

A relação entre nós e Jesus estende-se ao Pai uma vez que Jesus veio do Pai, Ele e o Pai são um só e aqueles que seguem Jesus pertencem consequentemente ao Pai que é a fonte de tudo de bom. Isto também tem uma implicação na nossa relação com Cristo, que não fica fechada entre Ele e cada um de nós individualmente. Ao encontrarmos Cristo, devemos criar espaço dentro de nós próprios para permitir que outros encontrem Cristo através de nós, ou seja, chamar outros a Cristo.  Somos uma extensão de Cristo e tal como Cristo é o bom pastor para nós, também devemos ser bons pastores para outros que estão a ficar para trás, os fracos, os solitários, os doentes e os abatidos.

O segundo apelo da passagem do evangelho de hoje é ouvir a voz de Deus no meio de todos os outros ruídos que exigem a nossa atenção. A presença de Jesus dá-nos confiança nos momentos de dúvida, medo e confusão e é o bom pastor que nos conduz num bom caminho. Somos portanto convidados a ouvir, a seguir e a ter uma relação com Jesus. Ouvir a voz não é algo passivo, temos de escutar ativamente a voz do Senhor. Esta escuta implica que ouvimos a voz e agimos de acordo com o que a voz nos está a dizer. Há muitas formas de ouvir a voz de Deus: prestando atenção à forma como Deus nos fala através das nossas emoções, as novas perceções sobre a vida, através das pessoas que se aproximam nós, através do convite para fazer alguma coisa pelas pessoas que encontramos, tais como os necessitados, os solitários e os doentes. Deus fala-nos também através da natureza. Quando prestamos atenção ao nosso ambiente, podemos ouvir a voz de Deus.

Fotografia de: Pawan Sharma – Unsplash

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.