Discernir é soltar as rédeas, lembra P. Geral no Porto

Neste quarto dia de visita a Portugal, o P. Geral esteve na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e da parte da tarde rumou ao Porto, onde visitou o Centro São Cirilo, celebrou missa e conversou com a comunidade inaciana local.

Neste quarto dia de visita a Portugal, o P. Geral esteve na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e da parte da tarde rumou ao Porto, onde visitou o Centro São Cirilo, celebrou missa e conversou com a comunidade inaciana local.

Um livro de receitas multicultural, com pratos de vários países do mundo, incluindo a Venezuela. Foi este o presente que o P. Arturo Sosa recebeu esta tarde no Centro Comunitário São Cirilo e que simboliza o trabalho de acolhimento e integração de migrantes que aí é feito e a multiculturalidade daqueles que habitam a casa. Numa visita relâmpago a esta obra da Companhia de Jesus no Porto, com capacidade para acolher 18 migrantes, o Superior Geral pode inteirar-se das linhas de intervenção social junto desta população fragilizada, conhecer alguns habitantes da casa, e ainda vibrar com os últimos minutos do jogo de futebol do Mundial disputado entre Espanha e Marrocos e que pôs os marroquinos da casa em alvoroço.

Apesar do entusiasmo com o Campeonato do Mundo de Futebol e de a missa com a comunidade inaciana ter coincidido com a hora do jogo da seleção portuguesa, foram muitos os que participaram na celebração da eucaristia na Igreja de Cedofeita, onde habitualmente os jesuítas celebram ao domingo. Nesta eucaristia que contou com a presença dos jesuítas do Porto e do pároco local, o P. Arturo Sosa falou da esperança que, afirmou, “é fundada na iniciativa de Deus que sai ao encontro de todos”. Em tempo de Advento, o P. Geral lembrou ainda que todos somos enviados a “ir ao encontro dos que esperam a boa notícia de que o Senhor está sempre connosco”.

Após a celebração, o P. Geral visitou o Centro de Encontro e Reflexão Universitário (CREU-IL), o centro universitário dos jesuítas no Porto, onde se reúnem diariamente os universitários para rezar, estudar, conviver e aprofundar a sua fé. Guiado pelos animadores da casa, os jovens que fazem a animação e gestão do espaço, o P. Arturo pode testemunhar a intensa atividade pastoral que aqui se vive e que envolve não só os jovens mas também outros grupos da comunidade inaciana do Porto. De seguida, todos se reuniram para uma conferência na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, onde este falou do processo de discernimento coletivo que a Companhia pôs em marcha há uns anos e do qual resultaram as quatro Preferências Apostólicas Universais. Sobre esta orientações da Companhia universal para os próximos anos, confirmadas pelo Papa Francisco, o P. Geral lembrou que “não se tratam de um documento e uma fórmula bonita, mas são a missão da Companhia hoje”. E acrescentou: “Se não formos isto, estamos a desobedecer ao Espírito Santo e à missão que nos foi dada pelo Santo Padre”.

Respondendo a uma questão colocada por uma jovem sobre o momento atual da história da humanidade, marcado pela secularidade, o P. Arturo afirmou que o considera uma oportunidade, pois foi este mesmo mundo secular que libertou a cultura da religião convertida e a transformou numa experiência de eleição. Neste encontro com a comunidade inaciana do Porto, orientado pelo P. Alberto Brito, companheiro do P. Geral dos tempos da formação como jesuíta, considerou ainda que o maior desafio que a humanidade enfrenta neste momento é manter o equilíbrio ecológico da Casa Comum.

Na manhã deste quarto dia de visita a Portugal, e ainda antes de viajar para o Porto, o P. Arturo Sosa esteve no Centro Académico de Braga e depois na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, confiada à Companhia de Jesus e que integra o pólo regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa. Na sua intervenção perante a comunidade educativa, abordou os desafios das universidades dos jesuítas, sublinhando que estas têm de saber aplicar o discernimento. “As faculdades estão habituadas a ter as rédeas nas mãos para controlar a velocidade do caminho. Mas discernir é este esforço tremendo de soltar as rédeas”, afirmou, acrescentando ainda que isso implica mudar o enfoque de atuação e a os métodos de tomada de decisões.

Na sua conferência aos docentes e alunos da faculdade, o P. Arturo disse ainda que a Universidade deve ser capaz de formar cidadãos globais, competentes e coerentes, que orientem a sua vida e competência profissional ao serviço do bem comum.

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.