Não há falta de água em Portugal, o que há é falta de gestão. A chuva está mal distribuída, sendo excedentária a norte e escassa a sul e acontecendo no inverno quando é necessária no verão. Tal resolve-se com a “auto-estrada da água”, um sistema de transferência de caudais [Douro-Tejo-Guadiana-Algarve], constituído por estações de bombagem e canais ao longo do interior do país.
Portugal dispõe, anualmente, e em média, de acordo com Plano Nacional da Água 2015, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente, de 48.000 hm3/ano de águas superficiais (16.000 hm3/ano vindos de Espanha) e 8.000 hm3/ano de águas subterrâneas, num total de 56.000 hm3/ano, quantitativo que, a longo prazo, poderá reduzir-se em 30%, fruto das alterações climáticas, para 39.000 hm3/ano.
Portugal utiliza, em média, na Agricultura, Turismo, Indústria e Abastecimento Urbano, 4.500 hm3/ano, de acordo com o mesmo PNA2015, quantitativo que, a longo prazo poderá atingir, em resultado de diferentes fatores, incluindo as alterações climáticas, um máximo de 6.000 hm3/ano.
Ou seja, o país usa atualmente, (4.500/56.000) = 8% da água disponível. A longo prazo poderá vir a utilizar (6.000/39.000) = 15% das disponibilidades totais de água ou, se Espanha “fechar a torneira”, (6.000/28.000) = 21% das disponibilidades nacionais.
Ou seja, o país usa atualmente, (4.500/56.000) = 8% da água disponível. A longo prazo poderá vir a utilizar (6.000/39.000) = 15% das disponibilidades totais de água ou, se Espanha “fechar a torneira”, (6.000/28.000) = 21% das disponibilidades nacionais.
Como se vê, Portugal não tem, nem nunca terá, falta de água, está é mal distribuída no Tempo – chove no inverno e nos Anos Húmidos e é necessária no verão e nos Anos Secos, o que implica a existência de barragens de armazenamento; e no Espaço – chove mais a Norte e é mais precisa a Sul, o que implica sistemas de transporte de caudais.
As Barragens existentes, nomeadamente no Tejo, Alentejo e Algarve, são suficientes para regularizar os caudais transferidos, desde que se substitua a gestão hidroelétrica pura de muitos locais e se passe para uma gestão de fins múltiplos, tendo em conta o abastecimento urbano, agrícola, industrial, turístico e elétrico, garantindo, necessariamente, os caudais ambientais.
As Barragens existentes, nomeadamente no Tejo, Alentejo e Algarve, são suficientes para regularizar os caudais transferidos, desde que se substitua a gestão hidroelétrica pura de muitos locais e se passe para uma gestão de fins múltiplos, tendo em conta o abastecimento urbano, agrícola, industrial, turístico e elétrico, garantindo, necessariamente, os caudais ambientais.
O que falta é a instalação dum Sistema de Transferência de água do Norte para o Sul, criando uma AUTO-ESTRADA DA ÁGUA pelo interior do País, no eixo [Douro-Côa-Sabugal-Meimoa-Zêzere-Tejo-Nisa-Portalegre-Caia-Guadiana-Alqueva-Mertola-Pomarão-Algarve], salvaguardando o Parque do Côa e outras realidades, arqueológicas, culturais, ambientais e agrícolas relevantes.
Este Sistema de Estações Elevatórias e Canais, num comprimento total próximo dos 850 km, permitirá transferências de água das bacias excedentárias do Douro e Tejo para o Alentejo (700.000.000 m3/ano) e Algarve (100.000.000 m3/ano), cobrindo, a Sul, as falhas hídricas já atualmente existentes e que se tendem a agravar.
O Investimento neste sistema de adução “em alta” é da ordem dos 900.000.000 €. O custo da água rondará os 0,20 €/m3, dos quais cerca de 50% correspondentes a custos energéticos, que poderão ser cobertos por energia verde fotovoltaica, custo que compara com os mais de 0,60 €/m3 da água dessalinizada.
Somos um País rico em água, temos mais do dobro da água “per capita” do que os nossos vizinhos Espanhóis. É certo que as Alterações Climáticas estão a reduzir a sua disponibilidade, mas não se trata de um problema de escassez mas sim de menor abundância, como mostram os números anteriores.
Deixemo-nos de alarmismos, que nada resolvem, e passemos à implementação de soluções concretas, no terreno, criando uma Rede Nacional de Água, que permita que todo o Pais tenha acesso à mesma, com a qualidade, quantidade e disponibilidade temporal necessária às diferentes atividades.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.