Educação sexual na família e relação do Estado com sociedade na nova Brotéria

Número de agosto e setembro da revista dos jesuítas debruça-se sobre temas de política nacional mas também internacional, como a situação dramática que se vive no norte de Moçambique.

Findo o verão, sai hoje um novo número da Brotéria.

Na secção de Atualidade, Teresa Tomé Ribeiro apresenta um manual de educação para a sexualidade contextualizada num projeto de vida, ajudando ospais que se questionam como conseguir uma educação para a sexualidade ajustada ao mundo atual, em sintonia com os valores que consideram essenciais para os filhos, numa sociedade cheia de contravalores. Teresa Nogueira Pinto, por seu lado, faz uma analise à dolorosa situação de terrorismo no norte de Moçambique, que, desde o outono de 2017, está refém da violência e do medo gerados por uma vaga de ataques terroristas perpetrados pelo Ansar al-Sunna, que resultaram já em mais de 1000 mortos e 250.000 deslocados.

Na secção Sociedade e Política, um curto ensaio de Pedro Franco examina o pensamento aristotélico para mostrar como numa sociedade pré-cristã já a lógica retributiva ou vingativa da aplicação de penas era desconsiderada, ajudando a fundamentar a ideia de que todas as pessoas são mais do que os seus erros e que ninguém é irrecuperável.

A secção de Religião traz à luz a pergunta: em que medida o Estado é necessário? Hugo Chelo desenvolve uma reflexão sobre a intervenção e a abstenção do Estado à luz do princípio da subsidiariedade segundo a Doutrina Social da Igreja.

Na secção de História, Conceição Tavares evoca a figura do cientista açoriano Francisco de Arruda Furtado (1854-1887), que com uma formação científica informal, declara-se discípulo de Darwin, e, a partir de 1880, protagoniza em Ponta Delgada uma rara experiência de apropriação científica do evolucionismo darwinista, desenvolvendo práticas laboratoriais de anatomia comparada e tecendo análises inovadoras acerca das espécies dos moluscos terrestres.

A secção Artes e Letras reúne três ensaios: o primeiro sobre os sonetos de Antero de Quental, da autoria de Emanuel Guerreiro; o segundo, da autoria de Henrique Manuel Pereira, sobre a equívoca atribuição da letra de um fado de Amália ao poeta Guerra Junqueiro; o terceiro, uma reflexão sobre a existência e ausência do silêncio, de Miguel Meruge.

Assinalando as Jornadas Europeias de Património, que decorrem nestes dias, subordinadas ao tema Património e Educação, que coincidem com o 480.º aniversário da fundação da Companhia de Jesus, o editorial deste número evoca as origens do património pedagógico da Companhia de Jesus em Portugal com a rede de colégios que foram estabelecidos no nosso país logo após a chegada dos primeiros jesuítas.

No caderno cultural, que abre com um Legómena de Matilde Torres Pereira sobre a suspensão involuntária da descrença na pintura, apresentam-se sugestões de cinema, séries, teatro, exposições, património e uma seleção de seis livros de diferentes áreas.

A apresentação da revista acontecerá já na quinta-feira, dia 24, às 19h na Brotéria. No evento “Revista sai do papel”, Teresa Tomé Ribeiro e Hugo Chelo conversarão sobre os textos Educação para a sexualidade e O Estado é necessário. Mas em que medida?

Haverá ainda a projeção do trailer do filme Demain, com um comentário de P. João Norton SJ, autor da crítica ao mesmo no Caderno Cultural desta edição.