Perder tempo para recuperar o sentido do tempo
A lógica do dom e do perdão que o tempo festivo retoma e celebra poderá orientar os passos que é preciso dar para a atravessar. O Jubileu oferece um tempo oportuno.
A lógica do dom e do perdão que o tempo festivo retoma e celebra poderá orientar os passos que é preciso dar para a atravessar. O Jubileu oferece um tempo oportuno.
É verdade que os discursos são uma coisa, a adesão de coração ao seu conteúdo e ao seu espírito é outra e a deliberação e a implementação, contando com as resistências que sempre se encontram no plano teórico e prático, são outra ainda.
Por onde ir e como ir partindo do lugar real em que o cristianismo católico se encontra e das fraturas internas e externas com que se confronta?
O ponto de partida escolhido para este percurso de reflexão, que pretende «mais abrir do que fechar», foi o da escuta, começando por dar voz a mulheres. O ponto de chegada, esse, é deixado em aberto.
O Evangelho lê e ilumina a realidade, confirmando-a, alargando-a, denunciando corrupções, reparando-a. Em linguagem teológica, salvando-a.
Novas condições do mundo e inédito ordenamento das relações, pelo menos no mundo ocidental, são condições de base com as quais a Igreja deverá contar. Será nelas que o mandato bíblico a ler os sinais dos tempos continua vivo e válido.
A singularidade da vida, dos gestos e da pregação de Jesus põem em causa os fundamentos da consciência religiosa tradicional e visam a reconciliação do coração humano com a verdade de Deus. Por isso, é boa nova. Em Deus nada há a temer.
O desconforto das crises sentidas na própria pele traz consigo a força capaz de romper conformismos e indiferenças e de conduzir a uma mobilização para as mudanças necessárias.
«Todos! Todos! Todos!» fica como um espinho de desassossego, de incompletude e de imaginação na carne viva da Igreja e de cada batizado – esperemos que também na carne da nossa sociedade.
«As páginas deste texto podem ajudar a redescobrir coisas antigas na Palavra de Deus e na tradição que são surpreendentemente sãs e vivas, enquanto algumas coisas recentes podem ser pouco pensadas e muito unilaterais.»