Paixão de Francisco (II)
Deus não nos deixou entregues à vertigem das fatalidades e dos medos. Deu-nos Francisco e fez dele “Cireneu” do mundo e âncora da barca da Igreja.
Deus não nos deixou entregues à vertigem das fatalidades e dos medos. Deu-nos Francisco e fez dele “Cireneu” do mundo e âncora da barca da Igreja.
12 anos depois, o Papa Francisco parece estar disponível para tudo, para continuar connosco ou para partir. Francisco ama a terra e ama o céu, ama o tempo e a eternidade, acolhe cada um e abriga-se no Sagrado Coração de Cristo.
Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade, dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito.
Movido pela esperança, atrevo-me a “sonhar” áreas de vida onde as palavras podem chegar a factos, onde a fé se pode concretizar em obras, onde a Igreja pode acontecer com um novo “imaginário”, mais circular do que piramidal.
Para que estes dias não sejam “pão e circo” eclesial nem um intervalo no outono de uma igreja cansada, é importante que cada peregrino, ao voltar à sua igreja local, esteja disposto a “sujar as mãos”, a ser um cristão “todo-o-terreno”.
A melhor pastoral juvenil será sempre a da partilha, do testemunho e da festa, a pastoral da relação pessoal, “única”, próxima e inacianamente “indiferente”, que evita dependências e manipulações, se constrói no encontro com Cristo.
Fomos capazes de transformar as varandas em palcos, os ginásios em hospitais de campanha, os telhados em bancos de jardim, os computadores em enxadas, os vizinhos em irmãos e não seremos capazes de recomeçar transformados?
Peregrinamos pelo deserto mas não estamos perdidos nem à beira do abismo. Seremos capazes de atravessar o mar “vermelho” dos nossos medos e limites. Estamos “no mesmo barco” a travar o “bom combate contra todos os “coronaventos”.
A fé que professamos, mesmo feridos, obriga-nos a estar de pé, como Maria. Distantes por contenção mas presentes por compaixão. Não nos vamos render nem dar por vencidos. Mas é preciso renascer.
Jejuar é abraçar com esperança o presente que todos estamos a construir: na Família, no Trabalho, na Igreja, na Sociedade. É isto que nos diz o P. Carlos Carneiro, sj neste texto. Um convite que se torna mais urgente no atual contexto.