A escola não pode, no entanto, ser, em meu entender, palco de ações de protesto. Apesar do direito à greve, depois dos desafios provocados pela pandemia na aquisição das aprendizagens básicas, as crianças e jovens têm direito à educação.
Amanhã é dia de lembrar que os afetos negativos, como a tristeza e a dor, também são fundamentais para o nosso crescimento. Não há crescimento sem dor. Amanhã é dia da palavra saudade. Obrigada, avó.
Aborrecer-se é, assim, algo que parece impensável e ao mesmo tempo assustador, mas que se torna fundamental para um crescimento saudável. Num período em que os adolescentes estão permanentemente ligados, importa criar momentos de shut down.
Ao mesmo tempo, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou esta semana dados que indicam que a taxa de abandono precoce da educação e formação desceu em Portugal, ainda que com variações por regiões, pelo 6º ano consecutivo.
Podemos perguntar-nos o que faz um professor ser bom professor. Para além das suas competências pedagógicas e científicas, que características pessoais e interpessoais definem um bom professor?
O segredo reside, assim, em encontrar os ingredientes que permitem criar as condições para a cooperação entre alunos diversos, com necessidades distintas, com conhecimentos prévios diferentes e com motivações variadas.
Num mundo pautado por constantes mudanças, para as quais as novas gerações necessitam e devem procurar respostas e soluções, a escola não pode continuar a promover uma cultura ligada ao resultado (versus processos de aprendizagem).
Nos meus já 20 e poucos anos como professora ficará, sem dúvida, a memória da Beatriz, mesmo que acompanhada por um turbilhão de sentimentos, como se de notas soltas se tratasse, que fazem lembrar, ironicamente, o prelúdio de uma pandemia.
Ironicamente, a pandemia empurrou-nos para uma reflexão profunda sobre o ensino tal como é pensado nos seus diferentes níveis, sem qualquer hipótese de regresso ao passado. Ironicamente, são as crises que despoletam mudança.
Os desejos são coisa séria. Fazem-nos acreditar mesmo tendo medo. Fazem-nos sair do lugar de conforto onde às vezes estamos e repensar a estratégia.