Um miúdo com cem anos
Diz-se do teatro de Tchékhov que é de uma tristeza alegre. Ora, o cinema de Fellini consegue ainda uma outra espécie de milagre: é de uma tristeza feliz.
Diz-se do teatro de Tchékhov que é de uma tristeza alegre. Ora, o cinema de Fellini consegue ainda uma outra espécie de milagre: é de uma tristeza feliz.
“Diálogos são duas pessoas à conversa, mas também cada uma à conversa consigo própria”. É este o mote para mais um episódio do Podcast “Raúl vai ao Teatro”, a sugestão cultural da Brotéria para esta semana.
Numa altura em que tanto do que está em causa nas nossas discussões tem a ver com identidade e linguagem, ler Lerner é perceber — por dentro — como é que uma e outra estão ligadas.
Tudo é, ao mesmo tempo, sério de morte e uma brincadeira infinita, que tudo pode ser exatamente como se diz e maravilhosamente intraduzível.
O coronavírus assenta bem demais na doença do tempo de que já padecíamos coletivamente antes de dezembro de 2019.
Um conto de Natal
Se não estamos “de corpo inteiro” nos lugares (porque sempre “ligados”, sempre “noutro sítio”), perdemos capacidade de dialogar com o que aí acontece, perdemos possibilidades de espanto.
Se a fotografia é o bezerro de ouro desta nossa sociedade da imagem, será que podemos investigar, questionar, denunciar, reimaginar essa mesma sociedade usando o meio da arte “fotográfica”?
São livros difíceis [os de Agustina], dizem-me. Pois claro, porque não é fácil encarar a pintura de um espelho. São difíceis como é difícil estar de olhos abertos na vida. Livros escavados, que não seguem “em frente” mas “para dentro”.
A sugestão da Brotéria para este fim de semana é ler um belíssimo texto de Jacinto Lucas Pires. “Estamos a aprender a pensar sem a enciclopédia instantânea. A aprender a passar o tempo, a comunicar, a imaginar. Voltámos ao zero do jogo.”