Acompanhar os jovens e as crianças de Rabo de Peixe durante o ano é ver os frutos da
entrega de tantos corações.
Cada vez que vou a Rabo de Peixe, fico mais surpreendida. O amor que os habitantes desta vila têm para dar não tem fim, as amizades aumentam de dia para dia e a forma como acolhem todos aqueles que se cruzam no seu caminho é indescritível.
O núcleo de Rabo de Peixe foi criado em 2016. Felizmente, o número de animadores de Rabo de Peixe crescia e a criação do núcleo tornou-se uma alegre necessidade. A partir desse momento, à semelhança do que acontece nos núcleos do continente, os animadores locais começaram a receber formação ao longo do ano. Inicialmente, com uma coordenação unicamente externa. Neste momento, e com muita alegria, a coordenação é partilhada entre um membro do núcleo e a direção da associação, que os apoia e orienta. O ânimo e empenho destes animadores é imenso. Que grande exemplo se têm revelado todos eles!
Pouco depois, em 2017, mais uma necessidade se afirmou. Aos 16 anos, as crianças deixam de ter idade para fazer colónia, no entanto, nesse momento são ainda demasiado jovens para integrar o núcleo. Sendo assim, tornou-se necessário criar algo que fizesse a ligação entre estes dois momentos e que nos permitisse acompanhar estas crianças durante o maior número de anos possível. Em resposta a esta necessidade, foram criadas as reuniões de acompanhamento. De dois em dois meses, membros da direção da associação dirigem-se a Rabo de Peixe para acompanhar estes jovens e continuar o trabalho que é feito nas colónias. Que enorme alegria tem sido para tantos! A reação dos pais foi de sincero agradecimento e os jovens, inicialmente muito surpreendidos,ficaram muito felizes por nos ver ao longo do ano e entusiasmados com a ideia de aprofundar aquilo que aprenderam na colónia.
Estas viagens permitem não só o acompanhamento do núcleo e as reuniões para os mais jovens, mas também um maior contacto com as crianças e suas famílias, que nos recebem sempre de braços abertos e sorrisos na cara.
É difícil explicar aquilo que se sente em Rabo de Peixe. Até diria quase impossível, é mesmo preciso lá ir. No meio de uma vila que pode por vezes ser muito agitada ou até confusa, no meio de ruas repletas de gente a falar alto, no meio de um porto cheio de crianças a correr e a nadar, no meio de docas cheias de peixe e barcos que partem de madrugada, no meio de casas cheias de irmãos, primos e tios, no meio de todos estes lugares há sorrisos, há entreajuda, há colo, há preocupação, há cuidado, há carinho, há abraços intermináveis, há olhares agradecidos, há olhos sorridentes, há amor. Rabo de Peixe tem tanto, tanto Amor!

Maria Vieira