Exposição “Não sou do tamanho da sombra que vês” encerra residência artística

O Círculo é um ciclo de residências artísticas para jovens autores destinado à produção artística promovido pela Pastoral Juvenil dos Jesuítas e que decorre em Cernache. Exposição final inaugura no dia 15 no Museu Machado de Castro, Coimbra

“Não sou do tamanho da sombra que vês” é o produto de dois meses de vida em residência. Procura ser rosto de uma reflexão crescente comum aos artistas da Residência O Círculo: uma procura identitária, o desafio da aceitação ontológica e o espanto da descoberta. Estes são ramos de uma sombra que acompanha necessariamente qualquer sujeito. Partindo do seu trabalho artístico, Francisca Espregueira, Simão Townshend, Teresa Esteves da Fonseca e Teresa Príncipe propõem olhar esta realidade que lhes é sensível, iluminados pelo tempo de Residência, conversas, tutorias, reflexões e outras interferências. A exposição será inaugurada no dia 15 de dezembro, às 17h30, no Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, e estará patente até ao dia 12 de janeiro de 2025.

O Círculo é um ciclo de residências artísticas para jovens autores destinado à produção artística. Com o intuito de descentralizar a cultura e a arte e fundá-las na periferia, estas Residências – que decorrem numa quinta da Companhia de Jesus, em Cernache, perto de Coimbra – são lugar propício para os artistas residentes se dedicarem inteiramente à criação de novos projetos, promovendo a produção artística e o acesso à arte.

No compasso lento e não alienado da distância de um centro urbano, durante dois meses, quatro jovens autores viveram em comunidade, permitindo ao ordinário dos dias serem fonte de espanto, conversas, inspiração e disciplina. Acreditando que a execução surge também da aprendizagem, a Residência teve momentos de formação nos diversos meios artísticos e noutras áreas do pensamento e do saber, como a filosofia e a estética. Contou com os artistas Mafalda d’Oliveira Martins e Xavier Ovídio, os professores Sandra Costa Saldanha e Paulo Pires do Vale, o arquiteto Filipe da Costa Lima, a conservadora Virgínia Gomes e o P. Nuno Branco, SJ.

A cada jovem autor foi atribuído um tutor capaz de orientar o impulso e dar ritmo à dúvida. Duarte Rosado, Henrique Raposo, Maria Leal da Costa, Pedro Abrunhosa e Tomás Abreu equilibraram-se entre ser escuta das inspirações e catalisadores do pensamento.

Com a curadoria de João Pedro Filipe e a parceria do Museu Nacional de Machado de Castro e da Brotéria, a Residência Artística – O Círculo é uma iniciativa da Pastoral Juvenil da Companhia de Jesus em Portugal.

Balanço do curador:

A grande intenção do projeto é dar tempo e espaço para o artista pensar e trabalhar. Tirá-lo do contexto incomodamente urbano e dar-lhe a possibilidade do tempo.

Esta Residência Zero cumpriu desde o momento inicial com este objetivo. Prontamente, os artistas desafiados à Residência dedicaram-se e entusiasmaram-se com o espaço e tempo que tinham para pensar, discutir e trabalhar. Como complemento à produção artística, a ideia de comunidade é também central para O Círculo e foi-se comprovando peso significativo no decorrer destes dois meses. A convivência sistemática entre os residentes foi motor de partilha de conhecimento, de trabalho, de pensamento e ideias importantes para a sua prática autoral.

Paralelamente à produção artística, O Círculo sente necessária a abertura ao diálogo e à discussão a partir de conversas com convidados pertinentes para o panorama artístico. Os temas e convidados desta edição expandiram questões, preocupações, respostas e inquietações mas, mais relevante ainda, entusiasmaram os artistas e a plateia a (re)pensar a arte. Ainda sobre o diálogo e a discussão, cada artista residente foi acompanhado por um tutor no decorrer da Residência, partilhando trabalho, conhecimento e preocupações. Tanto os artistas como os tutores, referem esta prática como um modelo muito marcante.

O impacto da Residência Artística tem sido muito positivo e têm chegado críticas confirmadoras da intenção do projeto. Do envolvimento de instituições à participação de pessoas vindas de diversos locais, há um alcance significativo perante a comunidade alargada que circunda a Residência, tendo inclusivamente interações com crianças, idosos e adultos vulneráveis. 

Um outro propósito deste projeto é promover o contacto entre o artista e o espectador. Não querendo ficar apenas pela produção artística, a Residência termina com uma apresentação final de alguns projetos e trabalhos dos artistas residentes. Assim, e em parceria com o Museu Nacional de Machado de Castro, inaugura no próximo domingo, dia 15 de dezembro, às 17h30, a exposição “Não sou do tamanho da sombra que vês” que será um momento de partilha com o espectador as reflexões de cada artista durante a Residência.   – João Pedro Filipe

Outras iniciativas futuras:

Esta primeira Residência permitiu testar o projeto e adaptar o inicialmente estruturado pela equipa organizadora, uma vez que é intenção fazer recorrentemente estas iniciativas. O ciclo de Residências Artísticas tem dois momentos previstos ao longo do ano, com a duração de dois meses cada, aos quais os jovens autores se podem candidatar. A divulgação de datas e processos de candidatura serão divulgados oportunamente através dos meios oficiais da Residência Artística – O Círculo.