The ‘black mirror’ of the title is the one you’ll find on every wall, on every desk, in the palm of every hand: the cold, shiny screen of a TV, a monitor, a smartphone.
-Charlie Brooker
Com a recente estreia da 5ª temporada de Black Mirror, parece legítima uma abordagem à série, estreada em 2011, assinada pelo britânico Charlie Brooker, e que ainda não deu garantias de ter acabado. As duas primeiras temporadas passaram no Channel 4 da televisão britânica e a partir da 3ª temporada, a série passou em exclusivo na Netflix- onde se encontra, neste momento, a antologia completa (5 temporadas).
Black Mirror distingue-se das séries actuais pela autonomia dos seus episódios, não havendo qualquer ligação narrativa entre eles, onde figuram, até, elencos totalmente distintos. Não dispõe, portanto, dos mecanismos habituais das séries, que criam no espectador a necessidade quase compulsiva de ver episódios sucessivos. Pode, então, considerar-se Black Mirror uma antologia de histórias distópicas que usa procedimentos clássicos da Ficção Científica que, em muito, nos remetem para George Orwell e Aldous Huxley.
A série não detalha tempos nem lugares concretos, interessa-se, antes, pela construção de uma narrativa especulativa, partindo de uma premissa levada ao extremo das suas consequências.
O aspecto proeminente da série recai sobre a reflexão tecnológica; tema que, de resto, não é novidade, e que aqui se apresenta de uma forma francamente aprofundada. A série não detalha tempos nem lugares concretos, interessa-se, antes, pela construção de uma narrativa especulativa, partindo de uma premissa levada ao extremo das suas consequências. Estas premissas são, como em qualquer distopia, negativas. As consequências, dependendo dos episódios, podem apresentar cenários de superação ou de desgraça. Como cenário de superação, relembro o ep. 4 da temporada 4, Hang the DJ, onde as duas personagens principais começam a pôr em causa as regras de uma aplicação que marca encontros amorosos e lhes dá um prazo de validade. Um episódio ilustrativo de uma conclusão desastrosa, e considerado um dos episódios mais sublimes de Black Mirror, é o 3º episódio da 3ª temporada, Shut up and dance, em que Kenny é apanhado numa emboscada online e se vê obrigado a cooperar com o seu chantagista anónimo.
Todos os episódios primam pela produção cinematográfica cuidada, onde a estética entra em diálogo intrincado com a narrativa que materializa. Black Mirror vale a pena pelas dimensões reflexiva, cinematográfica e imaginativa, e tem deixado o público na expectativa de como se manterá a coesão da série, aliada ao uso de novidades narrativas.
https://www.youtube.com/watch?v=2bVik34nWws
Ficha técnica:
Género: ficção científica
Duração: 41–89 minutos
Criador: Charlie Brooker
Produtores: Annabel Jonesm e Charlie Brooker;
Transmissão original: 4 de dezembro de 2011 – presente;
País de origem: Reino Unido
Idioma original: Inglês;
Distribuição: Channel 4 (2011-2014) e Netflix (2016-presente);
Nº de temporadas: 5; Nº de episódios: 22.
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
Sugestão Cultural Brotéria
Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.
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