No passado dia 11 de Novembro partiu um dos nossos maiores. Gonçalo Pereira Ribeiro Telles nasceu em Lisboa a 25 de Maio de 1922. Reputado arquitecto paisagista e ecologista, destacou-se na vida política portuguesa como líder monárquico. Desde estudante envolveu-se em actividades cívicas, tendo sido membro da Juventude Agrária e Rural Católica.
Adere ao Centro Nacional de Cultura, de Fernando Amado, Sophia, Sousa Tavares, Henrique Barrilaro Ruas e outros monárquicos, que com ele fundariam o Movimento dos Monárquicos Independentes em 1957, de vocação eleitoral. Para as eleições à Assembleia Nacional de 1969 integra a Comissão Eleitoral Monárquica, na coligação Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD). Em 1971 funda a Convergência Monárquica, que reunia os militantes dos vários grupos monárquicos existentes. Após o 25 de Abril foi co-fundador do Partido Popular Monárquico, de cuja acção política resultou a sua participação nos II e III Governos Provisórios como Subsecretário de Estado do Ambiente e mais tarde Ministro de Estado e da Qualidade de Vida do VII Governo Constitucional.
Sempre fiel às suas convicções, o Arq. Gonçalo Ribeiro Telles afirmou-se como uma referência democrática e de vanguarda na abordagem de problemas fundamentais para Portugal como a cultura, a paisagem e o território, num duplo compromisso com a tradição monárquica expressa na lealdade à Casa Real Portuguesa e a modernidade ecológica. Associado de primeira hora da Real Associação de Lisboa, nunca deixou de lutar pela reinstauração duma Chefia de Estado Real para o seu muito amado Portugal.
É conhecendo o seu legado que poderemos entender que o seu perfil ecológico e monárquico são indissociáveis. Todas as profundas convicções ecológicas de Gonçalo Ribeiro Teles, expressas no seu cepticismo pelos excessos da “engenharia” do homem no meio natural, são as mesmas que conduzem e fundamentam as suas convicções monárquicas: Portugal, como nação composta por comunidades naturais autónomas encimadas pela instituição real legitimada por 800 anos de história, a consolidar e agregar os portugueses, penhor da liberdade de todos, “o suporte interessado na boa organização e gestão da rés-publica” nas suas palavras. Isto não é mais que a ecologia aplicada à política.
Connosco fica a sua obra e muita saudade.
Nota – o autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.