O que não cresce, decresce – Amor, casamento e família

Ponto SJ publica hoje, em primeira mão, um pequeno excerto do novo livro do P. Vasco Pinto de Magalhães, dedicado aos noivos que se preparam para o matrimónio. Livro será lançado no dia 22, às 20h, no CREU, Porto, e terá transmissão online.

Ponto SJ publica hoje, em primeira mão, um pequeno excerto do novo livro do P. Vasco Pinto de Magalhães, dedicado aos noivos que se preparam para o matrimónio. Livro será lançado no dia 22, às 20h, no CREU, Porto, e terá transmissão online.

O novo livro “O que não cresce, decresce – Amor, Casamento e Família”, da autoria do sacerdote jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, é apresentado no dia 22, pelas 20h00, no CREU-IL (Centro de Reflexão e Encontro Universitário – Inácio de Loyola), no Porto. A sessão, presencial, conta com a presença do autor e de Dulce e João Figueiredo, autores do prefácio da obra.

O número de vagas é limitado e a presença no CREU implica uma inscrição prévia, que pode ser feita através do formulário. O evento tem transmissão online no Youtube e Facebook da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal.

O livro, editado pela Editorial AO  pode ser encomendado aqui.

O Ponto SJ publica um excerto desta obra, onde o P. Vasco procura ajudar os noivos a pensar, a projetar o seu futuro com bases mais esclarecidas e suficientes respostas para abordar os desafios atuais ao amor humano e à família.

 

1.

Aprendizagem
e crescimento do amor

Como olhar e entender o amor conjugal?
Compromisso e entrega pelo bem do outro

No amor conjugal compromete-se livremente a liberdade. Esse amor, porém, que começa quando a amizade passa a namoro e se efetiva em compromisso, não é uma perda de liberdade! É uma transfiguração da liberdade. É o próprio exercício da liberdade que liberta. A esse nível, entende-se que a pessoa está a comprometer a sua liberdade ao entregar a sua vida numa relação privilegiada com outra pessoa, coisa que não acontece mesmo numa grande amizade. Aliás, mesmo uma grande amizade só é possível para com um pequeno número de pessoas, enquanto o «amor», entendido na sua orientação conjugal (de plena fidelidade e fecundidade), só é possível com uma outra pessoa do outro sexo; partindo umas vezes da paixão, da atração, da complementaridade ou do aprofundar do conhecimento, outras vezes como desabrochar da amizade.

O verdadeiro amor só começa a sê-lo pela entrega de vida, entrega pessoal pelo bem do outro. E sabemos bem que o amor é sempre um vetor que joga para os dois lados, o bem do outro e o próprio bem: quando amo, realizo-me! Os dois vetores são inseparáveis, pois, ao querer bem ao outro estou a dar-me a mim, a querer bem a mim próprio, a tornar-me pessoa. No próprio ato de me dar, recebo; e isso não é um
mal, pelo contrário.

O problema surge quando um manipula o outro para o seu próprio «bem», quando o outro «deixa de ser pessoa» e passa a ser um objeto para o seu bem-estar, coisificado para a sua realização pessoal e, sobretudo, para a satisfação própria. Então, o amor torna-se egoísta, torna-se captativo, um «amor-próprio» mal entendido, mal vivido. Ora, uma relação de amor envolve sempre a pessoa no seu todo. É um processo. Exigente e desafiador. E o mal, destruidor e enganador, começa a instalar-se quando essa envolvência não é coerente: entrega humilde e verdadeira, de forma a ir amadurecendo um amor de compromisso e uma relação para além do sentimento (e dos múltiplos sentimentos, medos e desejos). Se é apenas um impulso
eufórico de voar, ou paixão idealista… ou um amor adolescente, de altos e baixos descontrolados, de grandes momentos de entusiasmo e de questionamento, mas carente, marcado pela necessidade da posse e da autossatisfação…, ou se é uma atitude sobretudo possessiva, desaparece o respeito e o ciúme pode tomar conta de tudo!

Então, onde se vai parar? Há que crescer até que o amor se possa tornar adulto. Não comodamente instalado, mas atento e vivo: aqui o segredo é a entrega da pessoa «para o bem do outro», pelo projeto comum, num processo onde o vetor de intencionalidade há de ser sobretudo o bem com o outro: o bem do casal na sua fecundidade.

Com frequência, em todos os campos da vida, temos alguma coisa de adolescente e de infantil, estamos a tentar captar e possuir. E isto, na adolescência, acontece mais claramente, com frequência. São os grandes amores idealistas, quase platónicos, o desejo do impossível… até porque se vive pela força dos contrastes.

Não se pode esquecer que para amar o outro tem de se morrer para si próprio. Mas, entenda-se: «morrer» no sentido de fazer concessões necessárias, de abdicar dos caprichos e até de certos interesses, isto é: do egoísmo. Ou seja, tem de se «morrer» para, simultaneamente, ressuscitar no e com o outro.

Essa é uma das maneiras profundas e bonitas de perceber o mistério da Ressurreição. Isso mostra que pode haver a conjugação, viva para além dos dois (incluindo-os), que é própria do «amor conjugal»: perder-se no outro e, assim, encontrar-se. E é também, por isso mesmo, que o amor conjugal só pode ser entre duas pessoas e de sexo diferente, um eu e um tu, que se complementam e completam. O que não acontece
com «iguais»! O amor adulto, na linha da conjugalidade, criador de humanidade e de futuro, só é possível entre dois que se podem «perder» um no outro por um terceiro.

 

Acesso à transmissão no Youtube

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.