Gonçalo Ribeiro Telles (25.5.1922 – 11-11-2020)
O Mester da Paisagem é o título da exposição que homenageia Gonçalo Ribeiro Telles. Pertencente à primeira geração de arquitetos paisagistas em Portugal, foi responsável por obras conhecidas, como o Jardim da Gulbenkian e o Jardim Amália Rodrigues — no alto do Parque Eduardo VII. Para além disso, é uma voz política reconhecida em matéria de Ambiente e de Ordenamento da Paisagem. Na Casa dos 24, casa onde reuniam e deliberavam os representantes dos ofícios da cidade – ou mesteres – Ribeiro Telles seria o Mester da paisagem. A exposição enquadra-se no âmbito das celebrações “Lisboa Capital Verde Europeia” e, por isso, centra-se nas propostas de Ribeiro Telles para a cidade de Lisboa. A curadoria é de Margarida Cancela de Abreu, Teresa Bettencourt da Câmara e António Braga.
Para além do núcleo dedicado à obra de Ribeiro Telles, a exposição conta com outros dois núcleos a visitar: a Antiga Casa dos 24 e a Igreja de São José dos Carpinteiros, ambas recentemente recuperadas. O percurso sugerido permite ao visitante deambular por entre os diferentes núcleos, em constante descoberta da obra do Mester, a qual se encontra distribuída entre espaços interiores e exteriores.
Destacam-se os vários modelos expositivos escolhidos: desenho, fotografia, vídeo, texto; e a diversidade das obras apresentadas, seja em termos de escala – da escala do jardim à escala municipal; seja em contexto temporal – da década de 50, com as propostas para a Avenida da Liberdade e Capela de São Jerónimo, até aos nossos dias com a renovação do Jardim da Gulbenkian.
Os desenhos do professor apontam para a importância do ordenamento da paisagem e explicitam os critérios que devem guiar a intervenção na paisagem: o conhecimento da morfologia do terreno e da sua relação com outros fatores ecológicos (como a vegetação), a importância de considerar o fator ‘tempo’ na conceção da obra, o tirar partido da relação orla-clareira, que concede ao espaço movimento e o contraste sombra – luz, o foco na utilização da paisagem pelo Homem, as diferentes paisagens culturais de Portugal, entre outros.
Alguns painéis apresentam ainda um excerto de uma entrevista ou da memória descritiva dos projetos. Em conjunto com os desenhos, estes excertos tornam a obra e o pensamento de Ribeiro Telles acessível a qualquer um, mesmo para quem a profissão não lhe é familiar, ainda que alguns conceitos apresentados assumam, por vezes, um caracter mais técnico. Recomenda–se ir com tempo, já que a vontade de explorar demoradamente os desenhos será, decerto, inevitável.
A exposição enquadra-se no âmbito das celebrações “Lisboa Capital Verde Europeia” e, por isso, centra-se nas propostas de Ribeiro Telles para a cidade de Lisboa.
Na sala dedicada ao Plano Verde de Lisboa, por ele coordenado, ficamos a conhecer a sua visão para a cidade. A disposição sequencial das plantas mostra como Lisboa tem, desde 1997, um plano orientador que deu origem a diversos projetos de intervenção na cidade, alguns dos quais já executados e expostos em fotografia.
O carácter pioneiro de Ribeiro Telles justifica a escolha da sua obra para a exposição que estreia a renovada Casa dos 24, antiga sede política da cidade. Se hoje celebramos Lisboa enquanto “capital verde europeia” é graças à sua intuição e convicção política e ao trabalho dos arquitetos paisagistas que deram continuidade à sua visão para a cidade. A exposição O Mester da Paisagem deixa clara esta mensagem, num ambiente onde o passado e o futuro da cidade se misturam.
Exposição – O Mestre da Paisagem
Casa dos 24 – Lisboa – Rua da Fé, 53 (Mapa Google)
Até 30 de dezembro de 2020 – Entrada Livre
Horário: terça a sexta 15h30-19h30 / sábado e domingo 10h30-18h30
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
Sugestão Cultural Brotéria
Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.
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