“Um dia, há já muitos anos, falei ao meu amigo P. António Vaz Pinto sj. de alguém que andava à procura de Deus, e precisava de ajuda. Disse-me para lho mandar, que o convidaria a fazer com ele um CIF. Foi a primeira vez que tomei conhecimento desta sigla e do seu significado: um Curso de Iniciação à Fé, também chamado Curso Intensivo de Fé. A verdade é que esse meu amigo se encontrou com Deus através desse curso e passou a ser, também ele, um difusor da Fé. (…)
É exatamente esse o objetivo deste livro: fazer nascer e renascer, reforçar e renovar, a Fé no nome de Jesus, para glorificação de Deus, para dignificação do Homem.”
(Manuel Braga da Cruz – Prefácio)
Introdução
(excertos)
Desde o início e até hoje, ao ameiar e explicar o que é um Curso de Iniciação à Fé (CIF), se costuma afirmar que se dirige a crentes, descrentes e duvidosos.
Para crentes
E assim é, de facto. Muitas das pessoas que se afirmam crentes e que são mesmo “praticantes” nunca se questionam sobre os fundamentos da sua própria fé e muitas vezes são atravessadas e atribuladas, por dúvidas e contradições…
É que, com raras e honrosas exceções, a grandíssima iniciação à fé cristã maioria dos cristãos e católicos teve uma formação catequética correspondente à instrução primária de quatro ou seis anos (para fazer a Primeira Comunhão e a Comunhão Solene…) e ficou por aí… Entretanto, além da instrução primária, no lado “civil”, secular da sua vida, foi-se acrescentando todo o percurso do ensino secundário e tantas
vezes o universitário: de um lado, quatro anos de catequese; do outro, quatro anos de instrução primária, mais sete de ensino secundário, mais quatro ou cinco de universitário.
E tudo isto num ambiente secularizado, de oposição ou indiferença perante o religioso e o cristão… O abismo cultural entre os dois mundos não pode ser maior…
Como dizia uma amiga minha, depois de fazer um CIF, foi como fazer um “puzzle”… Muita gente conhece “peças” do puzzle cristãs, mas não compreendem o que une as várias peças e a sua globalidade.
Muita gente conhece “peças” do puzzle cristãs, mas não compreendem o que une as várias peças e a sua globalidade.
Para descrentes
O CIF, como dissemos, até se dirige aos “descrentes”. Que é isto? Há muitos tipos de descrentes. Os que estão em oposição frontal com o cristianismo e os que não têm qualquer interesse, os que procuram aceitar uma parte e rejeitar outra; os que simplesmente não aceitam porque ignoram,
não têm o mínimo de informação séria, só conhecem “fatias” e muitas vezes cheias de preconceito… A fé não pode nem deve ser forçada, é óbvio; mas muitas vezes, nesses “descrentes” escondem-se pessoas boas, inteligentes e até cheias de interesse e de boa vontade: uma informação adequada pode ser oportuna e preciosa para iniciar um percurso de aproximação e até de verdadeira “conversão” istoé, de viragem.
Felizmente, tenho assistido a muitas situações destas e é muito gratificante, ao longo de um CIF, ir verificando a descoberta, a alegria e muitas vezes até o desconhecimento dos participantes.
E duvidosos
Resta-nos a categoria dos duvidosos: pessoas que acreditam, que praticam até, mas que ao longo da vida vão arrastando as suas dúvidas, como pesadas pedras, agarradas aos pés que não as deixam correr nem andar. Porquê estas dúvidas? Por ignorância, por catequese mal transmitida, por medo de exprimir as dúvidas diante de outros, por falta de ocasião para esclarecer. Para todas estas situações um CIF pode se precioso…
Não se trata de uma “lavagem ao cérebro”
O Curso de Iniciação à Fé não pretende ser nem é uma “lavagem ao cérebro” dos participantes, mas permite uma visão global e coerente do que é a fé cristã, quais os seus fundamentos, qual a sua coerência. E este objetivo, felizmente tantas vezes atingido, não é coisa pouca, é o fundamento que permite avançar na prática cristã e que convida também ao sabor de cada um e de cada necessidade a aprofundar, já fora do CIF, as questões mais relevantes para cada um.
Desde o início, como dissemos, trata-se de um pequeno curso de fim de semana.
Para libertar as pessoas de simultaneamente ouvirem e escreverem (o meu fluxo verbal é bastante rápido…) e também para eu próprio não me desorientar, elaborei uma síntese esquemática de cerca de 40 páginas, quase só com tópicos distribuídos no fim (ou enviados por email) a cada participante. A presente pequena obra é no fundo, o colocar nervos, carne e pele nos ossos do esquema global.
Para alargar o âmbito dos leitores tirei ao título a palavra Curso e ficará, portanto, a chamar-se Iniciação à Fé Cristã.
Ao longo do texto o leitor encontrará algumas repetições, ora pela minha preocupação em explicar, ora para manter uma linha corrida e coerente, onde algumas das repetições surgem em anexo. Outras repetições devem-se, sem dúvida à minha incapacidade para fazer melhor… Mas o leitor certamente perdoará.
Desejando uma boa entrada no texto, na leitura serena e livre de preconceitos, tanto quanto possível… Só me resta pedir a graça da iluminação do Espírito Santo e ao leitor desejar… muito bom proveito!
Editora: Paulus
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* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.