Férias com Deus: ver novas todas as coisas em Cristo

A proposta de oração da associação Foste Visitar-me é guiada pelo testemunho de um recluso que encontrou Jesus na prisão. E deixa-nos a reflexão: tenho sido capaz de me aproximar dos mais pobres, dos descartados, como pede o Papa Francisco?

A proposta de oração da associação Foste Visitar-me é guiada pelo testemunho de um recluso que encontrou Jesus na prisão. E deixa-nos a reflexão: tenho sido capaz de me aproximar dos mais pobres, dos descartados, como pede o Papa Francisco?

Escolhe um lugar de que gostes e onde te sintas confortável…

Toma o teu tempo.
Devagarinho, tenta acalmar-te e fazer silêncio dentro de ti.

Se ajudar, podes ouvir esta música:

A pouco e pouco, toma consciência da presença de Deus, sente que Deus está contigo… Imagina, talvez, que Deus está a olhar para ti e te está a sorrir…Ficas com a certeza que ele quer ouvir o que tens para lhe dizer…

Agora, pedindo a graça de sermos capazes de ouvir “o grito dos pobres” e de nos reconhecermos, todos, como necessitados da misericórdia de Deus, lê o texto a seguir, uma reflexão feita, em 2015, pelo Carlos (nome fictício), preso no Estabelecimento Prisional em Custoias, para a Peregrinação a Santiago de Compostela, promovida pelo Círculo Xavier e cujo tema foi “A cada passo sua alegria”.

Lê uma vez e depois outra vez…

“Quando vim preso, perdi a minha liberdade, perdi a companhia dos meus, a minha casa e as minhas coisas, perdi a privacidade, perdi a alegria e a felicidade. Nem me posso lembrar do que senti quando fecharam a porta da minha cela, pela primeira vez! Que angústia! Eu estava no fundo de um poço, tinha a certeza que não ia ser capaz, que assim não podia viver, estava desesperado!

Mas parei, refleti e pedi ajuda!

Pedi a Jesus que ficasse do meu lado, que me ajudasse a viver estes tempos que iam ser tão difíceis!

E… um dia, quando acordei não vi as grades, mas vi o céu azul…

Quando ouvi o barulho das chaves, de manhã, não pensei que estava preso, mas que ia ser aberto…

Saboreei o pequeno almoço e o sorriso simpático de um companheiro.

Passei a ver no guarda prisional não o que me fecha, mas o que me protege.

O meu companheiro de cela deixou de ser o intruso que me espiava. Agora é meu amigo e confidente, sim, porque, na cadeia, também há amizade!

Aos poucos aprendi a encontrar o lado bom de cada coisa que me acontece e afinal, nem acredito, consigo viver aqui!

Obrigada Jesus, eu pedi a tua ajuda e tu ensinaste-me que, a cada passo a sua alegria.

E é esse o grande segredo!”

 

– Como Santo Inácio, em Manresa, o Carlos começou a ver novas todas as coisas em Cristo. E eu? Tenho sido capaz de, com a ajuda de Deus, deixar transformar o meu olhar e me deixar transformar a mim? Sou capaz de me pôr na pele deste homem, pensar quais são as minhas prisões e, com a ajuda de Jesus, tentar libertar-me delas?

– O Carlos pediu a ajuda de Jesus, pediu que Jesus ficasse a seu lado e Jesus ficou… Como Jesus, eu seria capaz de ajudar este ou outros Carlos?  Sou capaz de seguir o exemplo de Jesus, acolher e cuidar quem precisa, sem julgar nem excluir?

-Tenho sido capaz de me aproximar dos mais pobres, dos descartados, dos presos, das pessoas que estão nas periferias, como diz o Papa Francisco? Tenho tido gestos concretos para com estas pessoas? Sou capaz de me comprometer com elas e com a sua situação? Ou estas não passam de meras construções teóricas que não me tocam o coração?

Para finalizar, reza um Pai Nosso e, se quiseres, ouve outra vez a mesma música…

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.