Durante o mês de agosto, há uma sala na Brotéria na qual é possível sentar-se e rever algumas das curtas que exibimos ao longo deste ano. A propósito do Ano Inaciano, a Brotéria desafiou a reconhecer as feridas do mundo. O Cineclube Campo Aberto na Brotéria foi uma ocasião para mostrar curtas-metragens originais: de artistas convidados e de qualquer pessoa que quisesse experimentar. A criação das curtas-metragens foi guiada por um subtema, cujas raízes partem do percurso de Santo Inácio de Loiola, e que serviu como mote livre para para as curtas criadas.
Curtas-metragens em exibição
I—FERIDA
Ferida · Juliana Campos em colaboração com Paulo Ávila
“Ma Blessure existait avant moi, je suis né pour l’incarner”, Joë Bousquet. A curta explora a relação da ferida com o tempo — (1) acontecimento latente, antecipação imaginária; (2) golpe súbito, experiência incompleta e perda dos sentidos; (3) duração na memória, trauma, cicatrização, sempre de novo interrompida.
Digital · cor e preto e branco · som · 2022 · 04’27’’
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
II—CAMINHADA
东 (Dōng, Este) · Teresa Chow
Os percursos não se esgotam nos pontos de partida e de destino. Aqui procuramos dar atenção ao caminho.
Digital · cor · som · 16:9 · 2’40’’ · 2022
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
III—CONVERSAÇÃO
Fuehlerskop (Sondascope) · Julien Fargetton em colaboração com Benjamin Frick
Um homem caminha por uma cidade, equipado com uma cana composta por vários microfones e sensores. Este aparelho procura tornar audíveis os sons enterrados na matéria e nas vibrações do ar, ocultos ao ouvido humano. Por vezes, esse homem parece-se com um rabdomante que tenta descobrir um lençol freático subterrâneo; outras vezes, parece-se com um feiticeiro que procura iniciar um diálogo através de uma dança mágica. O filme alterna entre som e imagem e, neste movimento, abre uma nova paisagem sonora urbana.
Digital · cor · som · 16:9 · 11’25’’ · 2022
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
IV—CAMINHADA
Canto de pés molhados · Marie Fages
Num clima politico francês asfixiado entre extrema-direita e neoliberalismo, preciso de invocar o que, no meu corpo, faz vibrar uma sensação de comunidade.
Digital · cor · 04’ · 2022
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
You are a letter, written not with ink, but with the Spirit · David Leal
Um filme-retrato da Michelle, uma mulher trans que passou pela transição numa fase tardia na sua vida e que encontrou também na fé a força para acolher a sua identidade.
Digital · cor · som · 04’ · 2019
V—TRANSFORMAÇÃO
watching you surf on beautiful accidents · João Salgado
O João mudou-se para um quarto na Estefânia. Um filme diário que utiliza como ponto de partida um filme do arquivo pessoal para ter uma conversa entre o João e os seus objectos.
Digital · cor · som · 07′ · 2022
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
Broto a Broto · Óscar Silva
Nos confins de uma terra esquecida, onde a natureza indomável cresce no maior resplendor, deambula um espectro da memória humana. Procurando pelo sossego no ventre da natureza, a alma concretiza um místico ritual.
Digital · cor · som · 05’31’’ · 4:3 · 2021
VI—VER DE NOVO
Mãos ao Alto · João Sarmento SJ
As imagens em movimento aproximam-se muito da relação que temos com a realidade. Reproduzem de forma particular o modo como percepcionamos. Contudo, os factos representados não constituem a verdade das coisas. Mostrar um filme sobre um objeto procurando documentá-lo é, sobretudo, criar uma imagem sobre esse pedaço do real. Por isso, antes de mais nada, o que vemos, são imagens dessas coisas e são essas imagens que nos excitam os sentidos. Interessam-nos que cada frame seja um facto, não da realidade representada, mas da fantasia das imagens.
Cor · 2022
Peça comissionada por: Esquilos para as Nozes · Cineclube Campo Aberto · Brotéria
An Ode · Inês França
“An Ode” é um projeto que partiu do autoconhecimento pessoal através de confrontação de emoções e pensamentos, proporcionado pelos tempos de quarentena e isolamento. Um projeto autobiográfico, que trabalha ideias como a sensibilidade e a emocionalidade, nos seus sentidos negativos, como o partido e o despedaçado, e nos seus sentidos positivos, como a luz e o brilho, e principalmente através da decisão de tratar todo este tema de uma forma visualmente apelativa, tornando todas estas questões quase como um apaziguamento de quem estas coisas sente e vive.
Digital · cor · som · 06’01’’ · 2020
Local – Brotéria
* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.
Sugestão Cultural Brotéria
Esta secção é da responsabilidade da revista Brotéria – Cristianismo e Cultura, publicada pelos jesuítas portugueses desde 1902.
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