A Playlist de Inês Viterbo para tempos de quarentena

Revelando-se na sua enorme sensibilidade, Inês Viterbo traz-nos uma playlist a transbordar de beleza e luz. Vão ouvindo e certamente que, assim, não se perderão em vossa casa...

Revelando-se na sua enorme sensibilidade, Inês Viterbo traz-nos uma playlist a transbordar de beleza e luz. Vão ouvindo e certamente que, assim, não se perderão em vossa casa...

1.   Crosby, Stills, Nash & Young – Our House

“Life used to be so hard, now everything is easy” . Podemos acender a lareira, pôr as flores nos jarros e deixar as horas passar, enquanto ouvimos músicas compostas sobre os dias simples, como esta. Isso e agradecermos por termos onde ficar. “Our house is a very, very, very fine house”.

 

 

 

2.   Moses Sumney – Plastic

Somos frágeis. Somos todos frágeis e este é o tempo da consciência da fragilidade de todos.
Numa voz que tem tanto de profundidade e gravidade como de brilho e elevação, o Moses Sumney revela ao mundo o receio que, em segredo, existe em todos nós: “Can I tell you a secret? My wings are made of plastic”.

 

 

 

3.   O Terno – Pegando Leve

Ainda há pouco, vivíamos demasiado tempo dos nossos dias em “ritmo frenético” e demasiado tempo das nossa mentes em modo pingue‑pongue, quero isto, mas também quero o oposto disto. Andamos de extremo em extremo. Agora é tempo de ir “pegando leve, tentando descansar”.

 

 

 

4.   Natalia Lafourcade – Alma Mía

Hoje é o dia da poesia, esta música é um poema e o filme mais poético a torna.

A Natalia Lafourcade é uma MUSA, das descobertas mais preciosas dos meus últimos anos. Mas aqui a poesia está neles, que a acompanham, num desafio à solidão. “La soledad y todo da sueño. ¿Pues que le diré? Como que me sobra tiempo.”

 

 

5.   Flo Morrissey & Matthew E. White – Look At What The Light Did Now

O original é da Feist. Oiço esta versão da Flo Morissey com o Matthew E. White em tantas manhãs. Porque com ela vem, para ficar, a convicção de que a luz é sempre um bom augúrio. “Olha só aquilo de que a luz é capaz”. De tanto o repetirmos, torna-se verdade.

 

 

 

6.   Sílvia Pérez Cruz  & Júlio Resende – Cucurrucucú Paloma

Um encontro de imensa beleza, entre o flamenco, o jazz e o fado.

 

 

7.   Cartola – Preciso Me Encontrar

Vamos sentindo um grito de liberdade. “Deixe-me ir, preciso andar”. Há de voltar a haver um tempo para sair, para ir “assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr”. Mas pode até ser que nem precisemos de sair de casa para “ir por aí a procurar” e para nos encontrarmos.

 

 

 

 

Extra:  Nina Simone – Feelings (Live at Montreux Jazz Festival)

A Nina em concerto, intensa e exausta por dentro. Há um desabafo inicial, de espanto: “I do not believe the conditions that produced a situation that demanded a song like that!  (aplausos tímidos) C’mon clap, damn it, What’s wrong with you?”  Andamos adormecidos à beleza e aos sentimentos?

 

 

A playlist da Inês Viterbo no spotify

Como na semana passada não tínhamos deixado link para a do Miguel Araújo, aqui fica.  

* Os jesuítas em Portugal assumem a gestão editorial do Ponto SJ, mas os textos de opinião vinculam apenas os seus autores.