Não sair da crise iguais
O tempo exigente que agora nos cabe viver é feito de desafios, que nos convidam a não olhar para trás com saudosismo, mas a querer fazer desta crise uma oportunidade para “não sair iguais”, mas melhores.
O tempo exigente que agora nos cabe viver é feito de desafios, que nos convidam a não olhar para trás com saudosismo, mas a querer fazer desta crise uma oportunidade para “não sair iguais”, mas melhores.
Apesar da importância de um discurso contundente e mobilizador, apelar ao imaginário da guerra traz consigo questões e levanta algumas preocupações que não podem deixar de ser tidas em conta.
Para lá das grandes proclamações e do silencioso coro do «todos sabiam», a grande pergunta que permanece em cima da mesa é: o que é que este caso nos ensina? O que é que vai mudar, depois dos ‘Luanda leaks’? Se não formos nós: nada!
O que têm a ver o Natal e a estratégia nacional anticorrupção? Desconfiando de futilidades políticas, acolhamos a luz da transparência na gestão da coisa pública e em qualquer exercício de poder, para que, no final, não vençam as trevas.
Segunda-feira, 7.10.2019: está “tudo na mesma”, ou o país acorda “radicalmente transformado”? Talvez a resposta dependa de como cada um acolhe e vive o resultado eleitoral: como fatalidade ou como oportunidade para construir o bem comum.
Vêm aí mais umas eleições legislativas, oportunidade para tomar o pulso do nosso sistema democrático. Se as vivermos como apenas mais uma formalidade, talvez a nossa democracia esteja em perigo, pois nunca está definitivamente garantida.
Como podemos esperar transparência nos mecanismos de governo, se não estamos dispostos a dialogar e a pôr-nos de acordo sobre os valores que nos unem enquanto europeus?
Se é certo que a fé não deve ser confinada ao âmbito privado, mas tem o direito e o dever de reivindicar uma participação no espaço público, também não pode ficar refém de um discurso político particular.
Em duas recentes decisões, os tribunais foram chamados a avaliar a existência de um “direito a não sofrer”. Ao negar a petição, os juízes põem o dedo numa ferida aberta: qual o lugar do sofrimento no nosso espaço cultural?
É essencial reconhecer, enquanto comunidade eclesial, dinâmicas ditadas por uma reação instintiva de medo diante do escândalo, que leva a olhar para quem denuncia abusos como uma “ameaça”. É essencial pôr no centro a vítima.