Para ajudar nos tempos que estamos a viver o editorial da revista Brotéria deste mês apresenta estratégias da espiritualidade inaciana para fazer frente à desolação, que, nestes temos difíceis, se pode instalar.
Este número conta com a participação de três membros do conselho de redação da revista. Guilherme d’Oliveira Martins, num artigo sobre justiça distributiva, afirma que, no combate à pobreza, precisamos de agir em vários tabuleiros, considerando a complexidade de fornecer a cana de pesca e recusando lógicas simplificadoras. José Souto de Moura oferece um texto sobre a Polícia e as polícias, num tempo em que se discutem as atribuições das diferentes forças policiais. José Carlos Seabra Pereira, num ensaio sobre Eduardo Lourenço, traça o percurso entre a beleza do Espírito e a ironia do grande ensaísta e pensador.
A temática dos efeitos da Covid-19 na vida dos mais idosos é alvo de um artigo de Rui Proença Garcia e Cristina Costa, tomando como ponto de partida entrevistas abertas.
A propósito do recente motu proprio ‘Spiritus Domini’, do Papa Francisco, que abriu o acesso ao ministério instituído do leitorado e do acolitado a pessoas do sexo feminino, Madalena van Zeller pensa o papel da mulher na Igreja sem uma visão clericalista redutora.
A passagem do 30.º aniversário da morte de Pedro Arrupe, que se assinala neste mês de fevereiro, motivou a evocação que Paulo Cunha Matos faz de uma personalidade sobre a qual muito se pode dizer, desde o seu carisma e capacidade de liderança, à sua resistência à adversidade, da sua generosidade e compromisso com os pobres, ao seu diálogo sincero com os valores contemporâneos, sem esquecer a dimensão intelectual do seu pensamento.
João Maria Carvalho apresenta o lugar central que O Cântico de Francisco de Assis, composto nos seus últimos anos de vida, quando se encontrava muito doente e praticamente cego, tem na espiritualidade franciscana.
Na igreja de São Roque, em Lisboa, encontra-se o túmulo do inglês Sir Francis Tregian (1548/1608), que sofreu perseguições por não renunciar à fé católica e que por isso mereceu o prémio de ser ali sepultado… de pé. Mas quem foi e como veio ali parar? A estas questões responde o ensaio de Paulo Figueira.
Do caderno cultural selecionamos três destaques de capa: uma série, Ethos do realizador turco Bekun Oya, analisada por Benedita Pinto Gonçalves; uma nota crítica de João Sarmento SJ sobre a exposição de Cristina Ataíde, Dar corpo ao vazio (disponível online) e a recensão por Manuel Ferreira, SJ do último romance de Mia Couto, O Mapeador de Ausências.
Desejamos que este número da Brotéria possa ser uma agradável companhia para estes tempos incertos.