Associamos às férias um tempo de balanço, descanso, mas na verdade às vezes chegamos ao final das férias mais cansados do que quando começámos. Demasiados planos, excessiva preocupação, os ritmos certos das crianças mais as noitadas que são precisas para descontrairmos e nos divertirmos. E tudo isto, às vezes, retira-nos espaço e tempo para o verdadeiro descanso.

A proposta deste exercício é tirar uns minutos para fazer um balanço do ano que passou e começar a lançar o que virá. No fundo, aproveitar um momento das férias para fazer um exame de consciência.

Comecemos por ler algumas palavras do Papa Francisco:

 “A habituação seduz-nos e diz-nos que não tem sentido procurar mudar as coisas, que nada podemos fazer perante tal situação, que sempre foi assim e, todavia, sobrevivemos. Pela habituação, já não enfrentamos o mal e permitimos que as coisas ‘continuem como estão’ ou como alguns decidiram que estejam. Deixemos então que o Senhor venha despertar-nos, dar-nos um abanão na nossa sonolência, libertar-nos da inércia. Desafiemos a habituação, abramos bem os olhos, os ouvidos e sobretudo o coração, para nos deixarmos mover pelo que acontece ao nosso redor e pelo clamor da Palavra viva e eficaz do Ressuscitado. (…) Os santos surpreendem, desinstalam, porque a sua vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora.” (Papa Francisco, Gaudete et exsultate)

E agora faço um exame de consciência em 5 passos, com um momento de respiração pelo meio.

1º Passo – Escolho um lugar em que possa estar o tempo que reservei para este exercício em paz e sem possibilidade de grandes interrupções.

2º Passo – Ainda antes de me dedicar a grandes pensamentos, penso: O tempo de férias é uma oportunidade de renovação, uma oportunidade de acabar com a “habituação” e com a “mediocridade tranquila e anestesiadora” de que fala o Papa Francisco. Afasto-me da rotina, não para fingir que não existiu, mas para a poder olhá-la de novo e com gratidão, com a ajuda de Deus, e avaliar a forma como vivi. Faço-o com os olhos, os ouvidos e o coração bem abertos para me deixar mover pela Sua Palavra viva e eficaz, que atua na minha vida.

3º Passo – Agradeço o ano que agora acaba, peço a Deus que me ajude a olhá-lo à Sua maneira, reconhecendo as Suas marcas no Bem que fiz e recebi e a Sua presença fiel em todas as alturas.

4º Passo – Relembro o ano que passou: que missões me foram confiadas? Que oportunidades, surpresas e notícias surgiram? Que acontecimentos marcantes pude viver ou testemunhar? Qual foi a minha rotina? Com que pessoas me cruzei? Que descobertas fiz?

E com humildade, lembrando a frase de Jesus “Há mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão”, pergunto-me diante de Deus, com honestidade: Neste ano que passou, que oportunidades de conversão/alegria desperdicei? Com que me conformei? De que ou de quem desisti?

Respiração…

[Respiro profundamente e deixo que esta música seja a banda sonora do meu coração] – El alma que anda en amor – Taizé

5º passo – Penso no regresso à rotina e no que precisa de transformação. Em que é preciso que o “Senhor venha despertar-me, dar-me um abanão? O que quero ser para os outros no próximo ano? De que forma posso viver melhor o meu trabalho, o meu descanso, as minhas relações? De que formas posso evangelizar?

Registo alguma mudança concreta com a qual gostaria de me comprometer.

Termino pedindo a Deus a graça de não hesitar quando o Espírito me exigir que dê um passo em frente

Nota: esta proposta é inspirada pelos números 137 a 139 da Exortação Apostólica do Papa Francisco Gaudete et exsultate

Proposta de Mariana Viana Baptista