Brincar a rezar ou rezar a brincar

Deste vez, uma oração para a família. Apreender com Deus o amor incondicional a cada filho. Implica usar legos, uma Bíblia e agradecer cada um como é. Recordar que os filhos não são nossos. Uma proposta "muito séria" da família Quintela.

Para todos quantos encontram na parentalidade uma forma de estar e melhorar o mundo, o “tempo de descanso” pode ter diversos significados: férias escolares, tempos livres, pilhas de brinquedos em modo desarrumado, tardes de parque e passeio ao ar livre, manhãs de praia com apanha de conchas e salta pocinhas… brincar, brincar e brincar!

Para os pais este “tempo de descanso” pode significar 24h sob 24h acompanhados dos pequenos que anseiam pelo seu tempo, amor e atenção. E por isso rezar poderá ter de ser tarefa que se faça a muitas mãos e muitos corações!

Para que seja um tempo de gratidão e de tomada de consciência da ação da Graça na vida e na vida da Família, deixamos-vos esta proposta!

Descrição do jogo: De forma simples e genuína, usar as peças Lego para ajudar a entrar na passagem bíblica e no imaginário dos mais pequenos. Aos adultos ajudará deixar fluir a verdade que surgir. E agradecer.

Material: a caixa com as peças Lego® – em todas as casas existirá esta caixa (!); Bíblia ou Novo Testamento;

Regras do jogo:
– Ler, como quem conta uma história, a passagem do Filho Pródigo (Lc. 15, 11-32);
– Motivar as crianças a montar o cenário com as peças Lego®: a casa da família, o pai, o filho mais velho e o filho mais novo, a pocilga e os porcos, os funcionários do pai, a mesa de jantar… Pôr as mãos na massa! Pegar nas peças e chegar aos pormenores. Ajudará a entrar na história e a imaginar a cena;
– 3,2,1! Ação! Contar a história, dividindo os personagens entre todos, consoante as preferências de cada um. Permitir que a imaginação de todos dê verdadeira vida às palavras. Além da palavras, acolher os sentimentos que surgem.  Perceber os pormenores que todos acrescentam à história!;
– Permitir que as crianças terminem a história como entenderem, com os seus gostos, preferências e entendimento.

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Foto de Peter Gudella/ Shutterstock

Pistas para reflexão:
Havia uma família, que vivia numa casa grande. Tinham dois filhos. Eram muito amados e muito diferentes.
Cada um de nós nasce numa família. E cresce numa casa de relações.
Agradecer por isso: pelas nossas pessoas, e pela verdade das nossas relações, tal como são. Deixar de parte as nossas expectativas e anseios pelo que consideramos que deveriam ser ou que já foram, e agradecer que existam e que nos façam existir também.

O pai tinha dois filhos. E os dois filhos não eram do pai. Eram livres e podiam escolher o que lhes aprouvesse. Um escolheu ficar, trabalhar perto, crescer responsável. O outro arriscou partir e falhar. Perder-se e encontrar-se.
Os filhos são uma graça maior que nos cai em mãos. Não são nossos. Não vêm de nós. Não irão para nós. Servir-se-ão de nós enquanto precisarem, para crescer. Ir integrando estas verdades no coração, ao jeito deste pai. Para que, chegada a hora, também eu viva a alegria de assistir à liberdade dos filhos. E ao seu poder transformador, com falhas, perdas e erros, pela certa.

Repetir e repetir e repetir o momento em que o pai vê o filho mais novo voltar. Ver a forma como o acolhe. Como o recebe. Como o cuida. Como o beija e o abraça.

Sentir a vontade de abraçar os nossos assim. Permitir-nos esse abraço demorado e verdadeiro. Dizer em palavras e gestos o amor.

Fazer uma pausa, como quem congela o momento em que o filho mais novo regressa. O que trará no coração? Como se sentirá? O que esperará? Como contará ser recebido?
Somos tantas vezes este filho mais novo que falha, perde e se perde. Temos nós esta capacidade de parar e perceber que temos de regressar ao abraço do Pai? Arriscamos regressar?

Ousar brincar a rezar ou rezar a brincar neste tempo, com os nossos filhos.

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Família Quintela

Que sintam de forma confiante o amor que lhes temos. Este pai que somos!
E este Pai que Deus-Pai é connosco, vida fora. É herança que sobre!

Boas brincadeiras!

Uma proposta da Andreia, do João, do Francisco, da Maria e da Teresa Quintela

Foto de capa: Por A3pfamily / Shutterstock