Mostrar o caminho para Deus, através dos Exercícios Espirituais de S. Inácio de Loiola

Em 2019, o P. Arturo Sosa, Propósito Geral da Companhia de Jesus, apresentou as quatro Preferências Apostólicas Universais (PAU) da Companhia de Jesus.

Em 2019, o P. Arturo Sosa, Propósito Geral da Companhia de Jesus, apresentou as quatro Preferências Apostólicas Universais (PAU) da Companhia de Jesus. Estas Preferências são as diretrizes que guiarão o esforço apostólico da Companhia de Jesus na sua missão, entre 2019 e 2029. Neste primeiro ciclo temático da Companhia dos Filósofos é apresentada cada uma das PAU, dando a conhecer aquilo pelo qual os esforços da Companhia se baterão nos próximos tempos, inclusive naquilo que é o apostolado dos estudos dos jovens jesuítas em formação.

A primeira das Preferências Apostólicas é “Mostrar o caminho para Deus, através dos Exercícios Espirituais de S. Inácio de Loiola”, Preferência que está na missão da Companhia de Jesus desde os tempos da sua fundação; mas que necessita de ser revisitada e revitalizada, porque, crê o Papa, este há de ser sempre o grande contributo da Companhia para o mundo, ao qual é chamada a responder, capacitando e ajudando o Povo Fiel e Santo de Deus a encontrar a vontade do seu Senhor no caminho até Ele.

Para a missão da Igreja dar fruto, é necessária uma relação profunda do Povo com Deus, no caminho a fazer, a fim de que cada homem e mulher possa descobrir a sua forma de amar e servir na medida da sua própria vida concreta. O verbo “Mostrar” compreende as ideias de “estar ao lado de” e também de “ajudar a revelar”, entendendo-se assim a própria Companhia como auxílio a todas as pessoas e aos seus desejos humildes de crescer numa vida que seja sempre tocada por Deus.

O caminho do Povo para Deus passa por uma redescoberta da necessidade do silêncio para um crescimento integral da pessoa, onde a pessoa inteira pode dar uma atenção privilegiada aos apelos sentidos nas encruzilhadas da vida, pelos quais pode discernir. A ideia subjacente da primeira Preferência estar diretamente relacionada com a vida de oração não é arbitrária, mas nasce duma noção do pontificado do Papa Francisco que reconhece a capacidade do ser humano crescer, de dentro para fora, para um modo de viver que torne a vida fecunda e ajude à reedificação daquelas realidades que se encontram, não perdidas — porque não existem realidades perdidas —, mas desorientadas, realidades que pedem ajuda, que querem tocar no manto de Cristo, que passa pelas suas vidas.

O próprio P. Arturo Sosa reconhece que esta Preferência exige uma atitude individual de conversão, desde logo de cada pessoa identificada com a espiritualidade inaciana, que deve ser, antes de mais, uma pessoa de oração e de intimidade com Jesus Cristo, completamente preenchida pelo dinamismo espiritual dos Exercícios Espirituais. Partindo daqui, poderá realmente ajudar outros e outras nos seus caminhos de vida através do discernimento, sublinhando sempre o facto de a própria experiência espiritual necessitar da encarnação da referida experiência no mundo concreto do tempo presente, com todas as suas oportunidade e dificuldades, conquistas e retrocessos; sempre confiando que o grande fruto apostólico vai para além dos sucessos ou insucessos, mas permanece na atitude de fidelidade da pessoa humana às palavras de Jesus.

Muitos reconhecem que as Preferências Apostólicas se podem resumir muito bem aos verbos pelas quais começa a sua enunciação — e muito bem. Mostrar, Caminhar, Acompanhar e Colaborar são verdadeiramente verbos estruturantes da atitude evangélica. Porém, há uma primordialidade no verbo Mostrar em relação aos outros. Os outros verbos são todos predominantemente ativos, mas, antes de mais, é necessário um desvelar, um ver com um olhar contemplativo o mundo ao qual somos chamados a responder. Embora haja sempre muito para ser feito na missão iniciada pelo Senhor, é necessário começar pela Segunda Semana dos Exercícios Espirituais, imitando a Santíssima Trindade que observa misericordiosamente o mundo que Lhe é amado e querido, e no qual reconhecemos a Sua presença, porque Se decidiu a encarnar.