Qual o impacto da alteração ao Catecismo da Igreja Católica do ponto que diz respeito à pena de morte? Este é um dos temas em reflexão na revista Brotéria de agosto/setembro, que foi disponibilizada esta semana. São dois artigos dedicados a este tema: o primeiro, assinado por Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão de Justiça e Paz, sublinha que a “Igreja deve estar sempre na primeira linha da defesa da vida”, posição que passa pelo combate a legalização do aborto e da eutanásia, diz, mas também pelo “apelo à abolição da pena de morte”. O jurista lembra que, apesar de esse apelo não contrariar a mentalidade política e jurídica dominante na Europa, o mesmo já não acontece em países como os Estados Unidos ou as Filipinas.
O segundo texto, assinado pelo jesuíta Francisco Mota, sublinha que esta alteração “é um farol num mundo que precisa de referências. Seja para os políticos norte-americanos ou para os diplomatas das Nações Unidas, seja para líderes religiosos ou para legisladores políticos”.
A guerra comercial desencadeada por Donald Trump é um processo em permanente mudança, avanços e recuos. Mas no texto da secção de Atualidade, Francisco Sarsfield Cabral escreve que esta é uma guerra onde todos perdem.
Em época de arranque de ano letivo, o tema da autonomia das escolas é abordado por Ana Rita Bessa, e o da sexualidade trazido à reflexão por Luís Manuel Pereira da Silva.
Ainda nesta edição da Brotéria, um texto sobre o espaço do discernimento na tradição, do jesuíta Miguel Pedro Melo; outro sobre o mundo financeiro no atual magistério da Igreja, assinado pelo jesuíta Andreas Lind. Na secção de História, Luis Filipe Thomaz escreve sobre o Museu dos Descobrimentos; e na de Artes e Letras, António Magalhães Guedes fala sobre Ruy de Carvalho – Prémio Árvore da Vida.
O editorial de António Júlio Trigueiros, sj, reflete sobre a turbulência que marca o momento atual da vida da Igreja – marcado pelos escândalos dos abusos sexuais – à luz da exortação apostólica Evangelii Gaudium. “Outro principio (enunciado pelo Papa na EG), postulava que a unidade deve prevalecer sobre o conflito. O conflito não pode ser ignorado ou dissimulado; deve ser aceite. ‘Mas se ficamos encurralados nele, perdemos a perspetiva, os horizontes reduzem-se e a própria realidade fica fragmentada. Quando paramos na conjuntura conflitual, perdemos o sentido da unidade profunda da realidade. Perante o conflito, alguns limitam-se a olhá-lo e passam adiante como se nada fosse, lavam as mãos para poder continuar com a sua vida. Outros entram de tal maneira no conflito que ficam prisioneiros, perdem o horizonte, projectam nas instituições as suas próprias confusões e insatisfações e, assim, a unidade torna-se impossível. Mas há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo'”.