P. Joaquim Marques da Silva
03.12.1927 – 18.10.2024
Biografia
O P. Joaquim nasceu na freguesia de Cedofeita, Porto, no dia três de dezembro de 1927 e entrou na Companhia de Jesus no mosteiro de Santa Marinha da Costa, em Guimarães, no dia sete de setembro de 1944, onde fez dois anos de noviciado e três de juniorado (Humanidades). Em 1947, estando ainda no juniorado, foi a Roma assistir à canonização de S. João de Brito, como convidado especial. O P. Joaquim sofreu, em criança, uma “osteíte tuberculosa”, da qual foi curado por intercessão do ainda Beato João de Brito. O facto foi reconhecido como um autêntico milagre e aceite para a sua canonização, em 22 de junho, pelo Papa Pio XII. Em 1949 foi estudar filosofia para a Pontifícia Faculdade de Filosofia (Braga) até 1952, ano em foi para a Missão da Zambézia (Moçambique), fazer a etapa do magistério. Esteve dois anos em Boroma como professor e prefeito da escola de formação de professores e um ano na missão da Fonte Boa (Angónia) a aprender o Chinyanja.
Em Boroma, em princípios de janeiro de 1954, levou à cena uma composição teatral intitulado “Combate no céu”, composta, ensaiada e encenada por ele que começava com os “Bobos de Herodes” que causou grande hilaridade em toda a assistência. O “auto” foi muito apreciado e pensou-se em traduzi-lo para o Cinyungue e adaptá-lo à mentalidade africana. (Ecos da Província de Portugal, 1954, p. 44)
O P. Joaquim tinha grande sensibilidade para a música tradicional africana e interessou-se por estudar sobretudo as cânticos tradicionais próprios dos pescadores e marinheiros do Zambeze. Diz que este folclore faz lembrar a ópera “Os barqueiros do Volga”, peça sem autor específico, mas orquestrada com melodia grave e poderosa que retrata o trabalho árduo dos que puxavam os barcos ao longo do rio Volga. Afirma que “os barqueiros zambezianos não ficavam atrás do resto do mundo no seu folclore musical”. Examina de uma forma simples e rápida quatro, das melhores canções zambezianas (Oh! Tekenva, Siya Ngoma, Uaba Cimbamba e Mankhwala ya Mapira) quanto ao ritmo, à liberdade sónica e à forte intensidade vocal. Inclui no texto a partitura da canção Oh! Tekenya. Conclui que este folclore exprime o estilo genuíno da música africana. (Missões, Março-Abril, 1955, p. 67-70)
De 1955 a 1959 estudou teologia em San Cugat dell Vallés (Barcelona). Foi ordenado sacerdote, em San Cugat, no dia 30 de julho de 1958. No ano letivo de 1959-60 fez a terceira provação em Salamanca e regressou à Missão da Zambézia, ficando na missão de Boroma como professor, diretor espiritual dos alunos e bibliotecário. Fez os últimos votos no dia 15 de agosto de 1962, em Boroma.

Foi o P. Joaquim quem organizou o primeiro grupo de escuteiros de Boroma ao qual pôs o nome de D. Gonçalo da Silveira. Todos os escuteiros tinham farda, não faltando as cornetas e tambores da banda escutista. Prestavam guarda de honra nas visitas de pessoas ilustres à missão, dando sempre um ar de solenidade ao ambiente. Dedicou, também, muita atenção aos “meninos de coro” a quem forneceu batinas, roquetes e romeiras e até luvas brancas, que formou para acolitarem a preceito, nos atos litúrgicos na missão e nalgumas solenidade em Tete. (Ecos…, 1961, p. 71-72)
Em 1964 regressou a Portugal e foi destinado à paróquia de S. Francisco de Paula, em Lisboa, como coadjutor do pároco. Em 1967 foi para a residência de Nossa Senhora de Fátima, no Porto, onde permaneceu até 2023 quando foi transferido para a enfermaria da comunidade da Faculdade de Filosofia, em Braga. Durante a sua permanência no Porto foi professor de moral e religião na Casa do Soldado e confessor na igreja de Nossa Senhora de Fátima. A partir de 1980 foi capelão da comunidade religiosa das Servas de Maria e professor de história da música na Academia Musical de Matosinhos e na Escola de Música “Silva Monteiro”, no Porto. Durante muitos anos dedicou-se a preparar uma edição da “História da Música”.
Faleceu em Braga no dia 18 de outubro de 2024. Tinha 96 anos de idade e 80 na Companhia de Jesus. O P. Joaquim foi sempre muito dedicado à missão recebida de Deus à qual se dedicava com muita consciência e fidelidade.