P. Carlos Maria Vasconcelos

20.04.1929 – 15.04.2021

Biografia

O P. Carlos Vasconcelos nasceu na freguesia do Freixo, concelho de Marco de Canaveses, Porto, no dia 20 de abril de 1929 e entrou na Companhia de Jesus no dia 7 de setembro de 1948, no Convento de Santa Marinha da Costa, em Guimarães. Fez um ano de Juniorado em Guimarães e dois anos em Soutelo, Braga.

Estudou filosofia na Pontifícia Faculdade de Filosofia de Braga, de 1953 a 1956. Fez dois anos de Magistério no Colégio de S. João de Brito, como professor e Prefeito, e um ano na Escola Apostólica de Macieira de Cambra.

Estudou Teologia em Granada, Espanha, de 1959 a 1963. Foi ordenado sacerdote no dia 1 de julho de 1962, em Lisboa, no Igreja do Colégio de S. João de Brito. Fez a Terceira Provação em Salamanca no ano escolar de 1963 – 1964. Em 1964 regressou ao Colégio de S. João de Brito como professor e diretor espiritual. Fez os Últimos Votos no dia 15 de agosto de 1965, no Colégio de S. João de Brito.

Em 1970 foi para a Paróquia de S. Francisco de Paula para um trabalho de pastoral paroquial. Em 1972 foi para Soutelo onde exerceu vários cargos: ministro, sócio do mestre de noviços durante dois anos e vice-superior durante três anos.

Esteve em Roma, na Cúria Geral, como secretário da língua portuguesa de 1978 a 1981. Quando regressou a Portugal foi para a residência do Porto e assumiu o cargo de Secretário Nacional da Liga Eucarística dos Homens e trabalhava na pastoral. Em 1995 foi para o Colégio de S. João de Brito como diretor espiritual e continuando Secretário Nacional da Liga Eucarística dos Homens. Em 1998 foi para a residência da Lapa e começou a colaborar na “Causa de santificação do P. Cruz”.

Em 2001 foi nomeado arquivista da Província e em 2003 foi para o CIL (Centro Inaciano do Lumiar) com residência no Colégio de S. João de Brito e em 2008 passou a residir na “Casa Xavier”. Em 2016 foi residir para o Colégio de S. João de Brito e continuou como arquivista adjunto. 

O P. Carlos trabalhou pastoralmente com equipas de casais e apreciava muito os seus alunos. Sempre pronto a ajudar, presidiu a muitos casamentos de antigos alunos e batizou muitos dos seus filhos. 

Faleceu no final da manhã do dia 15 de abril de 2021, uns dias antes de completar 92 anos, na sequência de uma pneumonia desencadeada pela infeção de covid-19. Encontrava-se internado num hospital em Lisboa.

Testemunho

Foram vários os anos de convívio com o Padre Carlos Maria Vasconcelos. Primeiro, na Casa Xavier (ele era o Arquivista da Província) e, posteriormente, na comunidade do CIL-SJB. Tinha o seu quarto na Enfermaria, mas com a ajuda da bengala deslocava-se facilmente por toda a casa. Tinha uma “memória de elefante”, como se costuma dizer, e raramente se enganava.

Datas, locais, nomes de pessoas, acontecimentos no tempo e lugar, era com ele. Aos 91 anos gozava de uma frescura mental como já não é fácil encontrar e que tanto ajudou para clarificar e tirar dúvidas em muitas ocasiões: uma memória viva e fiável.

O P. Carlos Vasconcelos era muito kantiano nos seus hábitos, horários e devoções. Vê-lo na capela em oração, a rezar o breviário, a celebrar a Missa, a rezar o terço passeando pelo longo corredor, a pontualidade às refeições e a conviver com a comunidade… tudo isso deixava transparecer uma vida espiritual arreigada no Senhor, com quem gostava de estar a sós, na familiaridade de uma relação que o alimentava interiormente e o sustentava. Sentia que estava no ocaso da sua vida, apesar de não ter grandes complicações de saúde.

Mas esta relação com Deus ao longo do dia não o impedia de estar todo, inteiramente presente, nas mais pequenas coisas do quotidiano. Solícito, atento, foi uma espécie de anjo da guarda do P. Domingos Gonçalves, que necessitava de ajuda, e muitas vezes dava o alerta para situações de emergência com outros jesuítas idosos ou doentes. Tinha tempo e sabia escutar quem o interpelava, acolhendo com simpatia. Sempre se mostrava disponível para substituir algum sacerdote nas Missas da comunidade ou na Casa de Santo Inácio, Rodízio, e era vê-lo preparar com afinco as reuniões e encontros da equipa de casais que ainda assistia espiritualmente.

O P. Carlos Vasconcelos foi um verdadeiro apóstolo de Cristo até ao fim da sua vida. Dou graças a Deus por tê-lo conhecido e por tanto bem recebido de Deus através da amizade, companheirismo e presença do P. Carlos Maria Vasconcelos.

P. Domingos Freitas