O P. João Felgueiras chegou a Timor Leste em princípios de Janeiro de 1971. Este ano de 2020 completou 49 anos de missionário em Timor Leste e no dia 9 de Junho deste mesmo ano celebrou os seus 99 anos de vida.

O P. José Alves Martins chegou a Timor Leste no dia 23 de Setembro de 1974. Este ano de 2020 celebrou 46 anos de vida completamente dedicado a este povo timorense.

O que fizemos durante quase meio século de missionação em Timor?

O P. João Felgueiras foi enviado para Timor Leste pelo Rev. Padre Provincial, para exercer a missão de Reitor do Seminário Menor de Nossa Senhora de Fátima do 3º ano ao 7º ano. De 1971 a 1974 o P. João Felgueiras viveu uma vida calma, toda dedicada ao seu trabalho de formar uma média de 50 seminaristas. De vez em quando descia até Dili, para contactos, trabalhos pastorais, dar exercícios espirituais, conferências sobre vários temas.

O P. José Martins, em Março de 1974 estando a finalizar os estudos em Teologia Espiritual no Instituto de Espiritualidade da Universidade Gregoriana, foi abordado pelo Padre Provincial de feliz memória, P. Júlio Fragata, se estava disposto ir a Timor Leste por dois ou três anos o máximo, como formador espiritual no Seminário diocesano de Nossa Senhora de Fátima, em Dare – Dili. Após esse período de tempo regressaria a Portugal, para ir fazer a terceira provação no Canadá, sendo o instrutor o meu conhecido e amigo professor P. Gilles Cusson.

Depois de ter pedido conselho ao meu amigo e professor, P. Federico Arvesú, e ter pedido luz ao divino Espírito Santo, respondi ao Provincial que sim, estava disposto. Durante o tempo da minha formação como jesuíta, nunca senti desejo, inspiração de ir evangelizar terras distantes, como é muito próprio da Companhia de Jesus.

Terminei os meus estudos em Junho de 1974 e, em Setembro desse ano, tomei o avião que me trouxe até Darwin. Daqui para Baucau, a segunda cidade de Timor são 40 minutos de voo. Esperei uma hora de tempo para seguir na segunda volta na pequena nave aérea, para Dili.

No dia 23 de Setembro de 1974 tem início a minha verdadeira vida como membro da Companhia de Jesus. Em Dili estavam à minha espera, P. João Felgueiras, P. Viana, Ir. Ornelas e Ir. Silva Pereira.

Acharam por bem passar pela Câmara Eclesiástica, saudar o Vigário Geral da Diocese de Dili, P. Martinho da Costa Lopes, que depois em 1978 foi eleito Administrador Apostólico da Diocese de Dili, após a resignação do Bispo de Dili, D. José Joaquim Ribeiro.
Partimos para Dare para o Seminário de Nossa Senhora de Fátima. Toda a comunidade dos seminaristas me esperava e saudaram com palavras protocolares, cânticos, vivas.

As experiências vividas a partir da noite de 23 de Setembro de 1974 até ao momento presente são incontáveis, quanto a quantidade, qualidade, emoções, sentimentos. (Alguma parte do que vivi, juntamente com P. João Felgueiras, desde 1975 até às duas décadas de 2020 está escrito no livro “Nossas Memórias de vida em Timor Leste”, livraria A.O. Braga 2006; o livro escrito por P. José Martins “Da cruz ao Sol Nascente na livraria A.O., Braga 2012; o livro da autoria do P. José Martins “O mistério da realidade” Edições Carmelo, 2016; o livro escrito pelo P. José Martins “O Verbo Amar – Amei, Amo, Amarei” com Prefácio de Xanana Gusmão, Edições Carmelo 2020, que ainda não foi lançado, mas está impresso e pronto para chegar a Timor Leste).

No dia 13 de Dezembro de 1975 o Seminário de Nossa Senhora de Fátima foi bombardeado. Alguns seminaristas ficaram feridos, mas só um gravemente. Tivemos que procurar refúgio na floresta mais próxima de Dare, até à chegada das tropas indonésias a Dare em 26 de Dezembro de 1975.

Em 1978 o P. José Martins, P. João Felgueiras e Ir. Ornelas reabriram o Seminário num edifício dos arredores de Dili, chamado Externato de S. José. Aí vivemos até 1991. Em 1987 o P. João Felgueiras conseguiu ir a Portugal. O Provincial da Companhia de Jesus na Indonésia, à qual fomos aplicados pediu-me para tomar as funções de Reitor do Seminário. Aceitei, mas em 1991 pedi ao Provincial da Indonésia para ser substituído.
O ano de 1999 tornou-se célebre pelo referendo em favor da independência de Timor Leste e da onda de ódio, vingança provocados pelas milícias juntamente com parte das forças armadas indonésias e a polícia indonésia. Timor ficou completamente abandalhado, destruído em todas as suas infraestruturas.

O P. João Felgueiras tem uma história de vida muito sofrida, sobretudo a partir de 1987. Conseguiu superar sempre com grande fé, e zelo apostólico. É considerado um herói de Timor Leste e um santo Jesuíta.

O nosso trabalho missionário em Timor Leste presentemente mais do que fazer, procuramos ser testemunhos de fé em Jesus Cristo junto dos nossos irmãos timorenses, nossa razão de viver e procuramos ser incentivos de coragem e força para a continuidade da Companhia de Jesus em Timor Leste. Rezamos e imploramos a Deus toda a fidelidade ao Instituto a que chamamos nossa família espiritual.

P. José Alves Martins, sj